Do "rei morto" passamos para... um grupo de directores. A partilha do poder por parte de três pessoas, de origens bem diferentes, para suceder a um homem que governou com mão de ferro por mais de 40 anos, parece ser uma maneira de dizer ao mundo como eles são e como serão as coisas a partir de agora. Ver estas três pessoas - Ross Brawn, Sean Bratches e Chase Carey, duas delas absolutamente desconhecidas até setembro passado - a mandar na Formula 1 qual triunvirato romano que existiu há mais de vinte séculos. Resta saber qual deles é Julio César, quem é Pompeu e quem é Crasso, não é?
Mas desses três, apesar do desconhecimento de dois terços desse triunvirato, a personagem conhecida é uma instituição no automobilismo: Ross Brawn, de 62 anos, andou na Formula 1 durante mais de 40, primeiro como mecânico da March, depois na Williams, trabalhando primeiro como construtor de peças, para depois acabar no túnel de vento da equipa. Em 1986 foi para a Haas, e a seguir para a Arrows, começando a desenhar carros como o A10, ficando até ao fim da década, onde foi para a Jaguar, desenhando o XJR-12.
Regressou à Formula 1, indo para a Benetton, onde conheceu Michael Schumacher, que lhe ajudou a alcançar dois títulos de pilotos e um de construtores, os únicos da marca na sua história. Lá ficou até 1996, passando para a Ferrari, onde ajudou nas estratégias de corrida para Michael Schumacher, e ajudando a alcançar os títulos da marca entre 2000 e 2004, marcando uma era na Formula 1. Ficou na Scuderia até 2006, onde fez a sua primeira "pausa para a pesca", voltando à Honda em 2008, tentando ajudar na sua recuperação. Mas no final desse ano, a marca japonesa retirou-se e Brawn não teve outro remédio senão pegar nos cacos e fazer a sua própria equipa. Resultou: foi campeão do mundo num carro que poderá ter tido algumas ilegalidades...
Em 2010, a Brawn GP virou Mercedes e ele ficou por ali até ao final de 2013, altura em que abandonou a competição, para voltar a fazer uma nova "pausa para a pesca", regressando em meados do ano passado como consultor para a Liberty Media. E agora, ira dar a cara e calçar os sapatos que Bernie Ecclestone calçou durante mais de 40 anos.
Como é óbvio, Brawn já deu as boas vindas aos outros dois membros: “Gostei de ser consultor da Liberty Media nestes últimos meses e estou ansioso por trabalhar com Chase (Carey, o presidente), Sean (Bratches) e o resto da equipa da Formula One, de modo a ajudar na evolução deste desporto”, começou por dizer Brawn. “Temos uma oportunidade sem precedentes para trabalhar conjuntamente com as equipas e os promotores para uma melhor Fórmula 1 para eles e, mais importante, para os fãs”, continuou.
E sobre o que a Formula 1 deveria ser sob a alçada da Liberty Media, afirmou, numa entrevista para a Radio5 britânica: “Acho que a chave e o objetivo para o futuro é simplificar. Tenho assistido à Formula 1 nos últimos anos como espetador e às vezes não percebemos que caminho se vai seguir na prova”, começou por dizer.
"Este é um grande desporto, com uma combinação fabulosa de pilotos e as suas personalidades, a sua competição, bem como os carros e tudo o que os envolve. Precisamos apenas de ver como somos capazes de melhorar o espetáculo”, enfatizou.
E sobre o que os fãs esperam da competição, disse: “Eles querem corridas e não têm visto isso ultimamente. Vimos uma grande competição entre os dois pilotos na mesma equipa nos últimos anos, e isso não é culpa da Mercedes – eles fizeram um trabalho fabuloso. Penso que os fãs querem ver corridas, querem perceber o que se está a passar na corrida. Há diferentes tipos de fãs, claro, e é ai que começa a complicação. Há os fãs que vêm às corridas, os que as vêm na televisão e os fãs que as seguem por outros ‘media’. É preciso encontrar o equilíbrio entre essas exigências”, continuou.
“Queremos que a corrida, primeiro que tudo seja o maior grande espetáculo possível, por isso quando se venha a uma corrida no fim-de-semana se seja entretido do começo ao fim. Um entretenimento lógico. Sinto e sei pela experiência que a Formula 1 tende a ser reativa. Isso é um problema, reage para fazer face a um problema mas raramente tem uma visão para um futuro a três a cinco anos. Por isso temos de perceber o que os fãs querem; eles querem entretenimento, querem corridas disputadas, querem ser capazes de perceber o que se passa. Acho que toda a gente concorda com isso. Agora é preciso encontrar o padrão certo com as equipas e as pessoas envolvidas nisso", concluiu.
Agora resta saber como é que os três se vão dar entre si. A divisão de tarefas parece ser algo mais agradável do que ter o poder todo nas mãos de uma pessoa, quase como se fosse Luis XIV, que certo dia afirmou que "o Estado sou eu". E se durante 40 anos, Bernie afirmava-se como "a Formula 1 sou eu", colocando-a onde vemos hoje, agora, nesta nova era um pouco mais corporativista, eles tem de mostrar que estão nisto para o bem de todos. Resta saber qual deles irá lidar com o calendário, quem terá as relações com a FIA, quem andará à procura de novos patrocinadores e quem desenhará o modelo de negócio que todos querem que seja "novo" e "diferente".
E atenção: enquanto Bernie estiver vivo, ele será o fantasma que irá pairar sobre o circo da Formula 1.
E sobre o que a Formula 1 deveria ser sob a alçada da Liberty Media, afirmou, numa entrevista para a Radio5 britânica: “Acho que a chave e o objetivo para o futuro é simplificar. Tenho assistido à Formula 1 nos últimos anos como espetador e às vezes não percebemos que caminho se vai seguir na prova”, começou por dizer.
"Este é um grande desporto, com uma combinação fabulosa de pilotos e as suas personalidades, a sua competição, bem como os carros e tudo o que os envolve. Precisamos apenas de ver como somos capazes de melhorar o espetáculo”, enfatizou.
E sobre o que os fãs esperam da competição, disse: “Eles querem corridas e não têm visto isso ultimamente. Vimos uma grande competição entre os dois pilotos na mesma equipa nos últimos anos, e isso não é culpa da Mercedes – eles fizeram um trabalho fabuloso. Penso que os fãs querem ver corridas, querem perceber o que se está a passar na corrida. Há diferentes tipos de fãs, claro, e é ai que começa a complicação. Há os fãs que vêm às corridas, os que as vêm na televisão e os fãs que as seguem por outros ‘media’. É preciso encontrar o equilíbrio entre essas exigências”, continuou.
“Queremos que a corrida, primeiro que tudo seja o maior grande espetáculo possível, por isso quando se venha a uma corrida no fim-de-semana se seja entretido do começo ao fim. Um entretenimento lógico. Sinto e sei pela experiência que a Formula 1 tende a ser reativa. Isso é um problema, reage para fazer face a um problema mas raramente tem uma visão para um futuro a três a cinco anos. Por isso temos de perceber o que os fãs querem; eles querem entretenimento, querem corridas disputadas, querem ser capazes de perceber o que se passa. Acho que toda a gente concorda com isso. Agora é preciso encontrar o padrão certo com as equipas e as pessoas envolvidas nisso", concluiu.
Agora resta saber como é que os três se vão dar entre si. A divisão de tarefas parece ser algo mais agradável do que ter o poder todo nas mãos de uma pessoa, quase como se fosse Luis XIV, que certo dia afirmou que "o Estado sou eu". E se durante 40 anos, Bernie afirmava-se como "a Formula 1 sou eu", colocando-a onde vemos hoje, agora, nesta nova era um pouco mais corporativista, eles tem de mostrar que estão nisto para o bem de todos. Resta saber qual deles irá lidar com o calendário, quem terá as relações com a FIA, quem andará à procura de novos patrocinadores e quem desenhará o modelo de negócio que todos querem que seja "novo" e "diferente".
E atenção: enquanto Bernie estiver vivo, ele será o fantasma que irá pairar sobre o circo da Formula 1.
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