Esta não deveria ter sido a segunda corrida do ano. Deveria ter sido a terceira corrida, pois entre Kyalami e Jacarépaguá, deveria ter havido uma corrida pelo meio. A 7 de março, duas semanas antes, deveria ter acontecido o GP da Argentina, em Buenos Aires, mas pelo meio, a Argentina, que estava numa situação complicada - o regime militar estava no seu estretor e eles procuravam uma distracção, que o mundo conhecerá dentro em breve - decidiu que uma corrida dessas não seria necessário. E para piorar as coisas, as próprias convulsões da Formula 1 não ajudaram muito.
Sem a Argentina - só voltaria em 1995 - o Brasil tornou-se na segunda corrida do ano, e a Formula 1 ficou dois meses sem corridas. Pelo meio houve testes um pouco por todo o lado - Dider Pironi apanhou dois grandes sustos em Paul Ricard - e todos estavam prontos quando aconteceu.
O resultado acabou por ser decidido na secretaria, e por uma boa razão: com os motores Turbo, os aspirados só os poderiam acompanhar se recorressem a "truques no livro", e isso implicava carros os mais leves possivel. Colin Chapman adorava ler os livros de regras para ver como é que daria a volta, mas outro que lia atentamente esses livros era Gordon Murray. E tinha como patrão um tal de Bernie Ecclestone.
Em suma, a Brabham de 1982 era um antro de espertalhões: começava pelo patrão e acabava no piloto, passando pelo projetista. Claro, Jean-Marie Balestre não achou piada.
A desclassificação poderia ter ido mais além. Falava-se que o McLaren de John Watson poderia estar abaixo do peso mínimo, mas safou-se de uma desclassificação. Brabham e Williams recorreram, e o tribunal de apelo iria ver se tinham ou não razão, mas o grande culpado era um regulamento suficientemente largo para que se pudesse interpretá-lo da maneira como quisessem. A genialidade de Chapman foi muitas das vezes essa...
Contudo, este não seria o final da história. Era apenas o começo de mais um polémico capítulo da Formula 1 nesse tempo, um dos que polvilhou esta temporada de 1982, conturbada em muitas maneiras.
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