Era um sábado à tarde, e o outono já se tinha instalado por aqui, pois o tempo estava nublado e triste. Parecia ser uma premonição do anuncio que vinha aí. quando ouvi no final da tarde, confesso a minha incredulidade inicial, claro, não acreditando na noticia que acabara de ler e ouvir, num tempo em que ainda o Twitter não era popular. No final da tarde, confirmaram a noticia, sabendo que, tragicamente, Colin McRae tinha morrido num acidente de helicóptero com o seu filho e mais dois amigos seus. McRae tinha 39 anos e estava a largar os ralis para tentar a sua sorte no Dakar.
Dez anos é um bocado de tempo, mas parece que foi o ano passado. Chamava carinhosamente de "Colin McCrash" porque ele era do tipo sem compromisso. Ou vencia, ou batia. E lembro-me bem na minha adolescência, nos primórdios da Subaru nos ralis, ainda com o Legacy, ver o carro de McRae ser veloz... e raramente com todas as peças no seu lugar, mas a ganhar um lugar no coração dos adeptos.
Ao contrário de Gilles Villeneuve, Colin McRae conseguiu ser campeão do mundo. Uma vez, em 1995, lá conseguiu ter a calma e sangue-frio o suficiente para bater Carlos Sainz e ser campeão do mundo ao volante do Subaru, já o Impreza, dando à Prodrive o seu primeiro título de campeão mundial. E muitos aspectos, ele conseguiu o que queria, sem abdicar muito da sua rapidez, que era a sua alma de piloto.
McCrash... perdão, McRae, popularizou os ralis como nunca. O seu carisma ajudava, o seu carro ajudava, as suas saídas de estrada ajudavam, a sua vontade de nunca desistir ajudavam, o seu "em caso de dúvida, prego a fundo" (In Doubt, Flat Out!), fizeram-no ganhar um lugar no coração dos escoceses velozes, a par de Jim Clark e Jackie Stewart, e em menor grau, ao seu pai, Jimmy McRae, respeitadissimo piloto, multicampeão britânico da modalidade e uma lenda viva na Escócia natal. E claro, um dos raros casos onde o filho se tornou mais famoso do que o pai.
Mas McRae ainda se tornou famoso noutro campo, inédito até então. Em 1998, fazer jogos de consola de ralis era algo raro, mas colocar o seu nome associado a ele era inédito no WRC. Fazer um jogo oficial, jogável para milhões, sentindo-se como se fosse ele mesmo, fazendo vezes sem conta para ser o melhor, e ouvindo do seu PC ou consola de jogo a voz do Nicky Grist a ditar-te as notas, deu um alcance único até então, e que abriu caminho a muitos mais jogos desse género, e as continuações do "Colin McRae Rally". E mesmo aqueles que provavelmente nunca ouviram falar dele ou dos ralis, ficaram interessados no jogo e deverão ter aprendido a controlar um carro dessa maneira.
Em 2007, McRae praticamente tinha terminado a sua carreira, mas continuava a ser veloz. Tinha andado em Le Mans e no Dakar, onde deu imenso nas vistas até dar cabo do seu carro a meio do rali, obrigando a sua desistência. O espírito não tinha desaparecido, apesar de já ser um veterano. Mais do que dar espectáculo para as massas, McRae continuava a ser igual a ele mesmo, aquilo que lhe deu o carisma e - sabendo ou não - o seu lugar no Olimpo automobilístico.
Dez anos depois, não desapareceu da memória dos fãs, mas também... não queremos. Gostamos deste tipo de piloto: "win or wall". Certamente, ele teria gostado.
Em 2007, McRae praticamente tinha terminado a sua carreira, mas continuava a ser veloz. Tinha andado em Le Mans e no Dakar, onde deu imenso nas vistas até dar cabo do seu carro a meio do rali, obrigando a sua desistência. O espírito não tinha desaparecido, apesar de já ser um veterano. Mais do que dar espectáculo para as massas, McRae continuava a ser igual a ele mesmo, aquilo que lhe deu o carisma e - sabendo ou não - o seu lugar no Olimpo automobilístico.
Dez anos depois, não desapareceu da memória dos fãs, mas também... não queremos. Gostamos deste tipo de piloto: "win or wall". Certamente, ele teria gostado.
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