Foi ontem, mas é interessante falar dele hoje. Na história da Formula 1, houve duas temporadas em que os pilotos passaram o Ano Novo entre uma corrida e outra, especialmente num lugar do mundo como a África do Sul.
É estranho dizer agora, mas há precisamente 50 anos, um grupo de pilotos foi comemorar o Ano Novo longe das suas famílias, no outro lado do mundo porque no dia seguinte iam trabalhar. E foi o que aconteceu com pilotos, mecânicos, jornalistas e diretores de equipa. Uma coisa que não voltou mais a acontecer.
A corrida foi aborrecida, mas marcante. Jim Clark, aos 31 anos, tinha alcançado o seu zénite. Dominou a corrida do principio até ao fim, no seu Lotus 49, a como ele já tinha vencido as duas últimas corridas da temporada anterior, parecia que iria a caminho de um terceiro título mundial. Mas ali, ele bateu recordes. Conseguiu alcançar a vitória numero 25, batendo Juan Manuel Fangio, que tinha establecido o recorde na década passada. Tinha conseguido 33 pole-positions no dia anterior, e todos a bordo de um Lotus.
Para o escocês, parecia que o tri-campeonato seria uma inevitabilidade. O carro tinha por fim suplantado os seus problemas de juventude e o motor Cosworth V8 mostrava todo o seu potencial. Tanto que outras equipas também o queriam em breve, como a McLaren, pois era mais eficaz do que os V12 que boa parte do pelotão usava.
E num canto, os locais tinham-se adaptado a um novo regulamento que entrara em vigor nesse dia. A partir dali, os carros poderiam ser pintados com as cores dos patrocinadores, em vez das cores nacionais. A Gunston, tabaqueira sul-africana, decidiu pintar os carros de John Love e Sam Tingle de castanho e laranja, os cigarros locais. Pouco depois, Colin Chapman iria fazer o mesmo, ao assinar um contrato com a Imperial Tobacco e receber 60 mil libras para pintar os seus carros verdes de vermelho de dourado, as cores da Gold Leaf. Os carros estariam prontos quando Clark estava na Austrália a disputar as Tasman Series.
Em suma, a Formula 1 começava a experimentar uma revolução. Mas isso seria vivido de muitas maneiras. E em breve, irão passar por momentos mais trágicos.
A entrada dos patrocinadores e o fim das cores nacionais foi o fim da Fórmula 1. Choveram críticas tremendas ao mercantilismo e ao fim dos valores desportivos. Imagino os tweets e comentários nas redes sociais da época. A F1 está morta há 50 anos e os jovens que vieram a seguir não repararam.
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