O britânico John Miles, piloto da Lotus em 14 Grandes Prémios entre 1969 e 1970, e o último companheiro de equipa de Jochen Rindt, morreu este domingo aos 74 anos de idade. Para além de ter sido piloto, foi também diretor da Lotus no final dos anos 80.
Nascido a 14 de junho de 1943, era filho do ator de teatro e cinema Bernard Miles, um dos mais talentosos da primeira metade do século, e de Josephine Wilson, também atriz. A sua irmã Sally Miles também se tornou atriz, enquanto outra irmã. Bridget Miles, tornou-se pintora. Mesmo John, tendo seguido um rumo totalmente diferente, mais tarde na vida se dedicou à musica, fundando uma editora de jazz.
A sua carreira começou em 1963, aos vinte anos, em Turismos, vencendo convincentemente o campeonato, com 15 vitórias em 17 corridas num Diva de motor à frente. Depois passou para a Formula 3, a bordo de um Lotus 41, onde deu nas vistas o suficiente para ser convidado no final de 1968 para se juntar à Lotus, como piloto de testes da marca.
Em 1969, Miles fica encarregado de pilotar e desenvolver o modelo 69, de quatro rodas motrizes, uma tentativa da marca de conseguir um carro com maior aderência. Uma tentativa que mais tarde se revelou fracassada. Estreou-se no GP de França, em Charade, a bordo desse mesmo modelo, mas não terminou a prova. Aliás, o seu melhor lugar foi um décimo posto no GP da Alemanha, no temido Nordschleife.
Miles sobre de estatuto no final de 1969 quando Graham Hill sofre um sério acidente durante o GP dos Estados Unidos, em Watkins Glen, e em 1970, começa o ano como piloto oficial, ao lado de Jochen Rindt. Corre em Kyalami com o modelo 49C, no qual ele conquistará um quinto lugar, mas ele já andava a testar o novo modelo de Chapman, o Lotus 72. Um carro que causava receios a Rindt, o seu piloto numero um, que após um teste falhado em Jarama, teve uma grande discussão com Chapman acerca da sua segurança. Foi Miles que ficou com o carro, não tendo conseguido qualificar.
Voltou a usá-lo a partir do GP da Belgica, em Spa-Francochamps, mas enquanto Rindt ganha confiança no modelo e vence corridas atrás de corridas, Miles não conseguia voltar a pontuar, não tendo conseguido melhor do que um sétimo posto na Holanda. O seu estilo cerebral e "certinho" não agradava a Chapman. Anos depois, em 2014, numa entrevista à Motorsport, Miles disse que Chapman via-o como um mero funcionário, pagando-lhe 300 libras por corrida, que servia para pouco mais do que pagar as despesas de viagem. A partir do GP da Grã-Bretanha, ambos terão a companhia de um jovem brasileiro de 23 anos chamado Emerson Fittipaldi.
Em Monza, era costume os pilotos e as equipas tirarem os suportes aerodinâmicos dos seus carros, pois estes eram inúteis um circuito essencialmente de velocidade. Chapman, com a concordância de Rindt, tirou as asas dos seus carros, algo que assustou verdadeiramente Miles, que se recusou a fazer tal coisa. E quando na qualificação de Sábado, Rindt teve o seu acidente mortal e por consequência Chapman retirou os seus carros da competição, foi a gota de água para ele, decidindo abandonar a equipa, e quase imediatamente, a Formula 1. Foi Emerson que ficou com as rédeas da equipa, e venceu em Watkins Glen.
Em 1971, Miles foi trabalhar para a BRM, onde ajudou a desenvolver o motor V12 e participou em algumas corridas extra-campeonato, e no ano seguinte, vence as Seis Horas de Paul Ricard a bordo de um Ford Capri, ao lado de Brian Muir. Em 1973, retira-se de competição para se dedicar a ser piloto de testes nas revistas da especialidade.
No inicio da década de 90, Miles volta à Team Lotus, onde vai trabalhar como engenheiro de pista para a uma equipa agora comandada por Peter Wright, um dos antigos colaboradores, primeiro de Chapman e depois de Peter Warr. Lá ficou até ao fecho de portas, no inicio de 1995.
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