Isto tirei do Twitter oficial da McLaren. Sabem o que é isto? É o registo das voltas do Ayrton Senna no GP do Mónaco de 1988. Há precisamente 30 anos, numa tarde de primavera como esta. À vossa esquerda, tem a tabela das voltas que Senna fazia, depois o lugar que ocupava, algumas incidências de monta, e as diferenças entre ele e Alain Prost.
Se conseguirem alargar a imagem, poderão ver os detalhes. A absoluta coerência que tinha em termos de volta a volta, com um ou outro abrandamento à custa de um atrasado qualquer. E depois, na diferença, como ele alargava, sem apelo nem agravo, a sua diferença a Alain Prost.
Sem dúvida, esta deve ser a melhor corrida que ele não ganhou. Como a Holanda em 1974, Gilles Villeneuve no GP de França de 1979 ou a seleção brasileira de 1982, ou mesmo os campeonatos de Stirling Moss entre 1958 e de 59, por vexes existem derrotas mais belas do que vitórias. Mas do que exaltar o azar ou o mérito do adversário, foi o facto de nos terem agarrado ao ecrã e nos fazerem apaixonar pelo desporto, qualquer que seja. Claro que ele já tinha mostrado esses rasgos de génio no passado, com o seu Lotus, mas era a primeira vez num McLaren e a ele faltava o lugar exato para se mostrar, não ao mundo, nem ao Sistema Solar, nem à Via Láctea, mas ao Universo e aos Multiversos, à História, passada, presente e futura. Aquele momento do qual todos os sobreviventes falarão até morrer o último deles. E depois todas as gravações futuras, sejam em que formato for, até desaparecerem.
E é como diz no Twitter deles: "transcendeu o desporto".
E é como diz no Twitter deles: "transcendeu o desporto".
E, mais fantasticamente no meio disto tudo, ainda bem que bateu. Ainda bem que desistiu. Porque acrescentou ao mito, o mito de Senna no Mónaco, o rei que venceu por seis vezes no sitio mais apertado da Formula 1, onde certo dia, Nelson Piquet disse que era como andar de bicicleta numa loja de loiça. Porque se tivesse ganho, talvez seria mais outra corrida, mais outra vitória, mais algo que não teria ficado na história. Ser campeão é também - acreditem, também é - jogar uma vitória fora. Não foi de propósito, como é óbvio, mas foi um luxo. Como foi um luxo ver Gilles em Montreal 81 com um bico partido e acabar em terceiro lugar. São dessas coisas que fazem a História. Só isso.
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