Há precisamente cem anos, em Milão, nascia Alberto Ascari. Filho de piloto, piloto seria. E como o seu pai, viveria num carro de corridas e morreria em cima dela. E foi o último grande piloto italiano, da mesma fornada de Giuseppe Farina, e depois de Tazio Nuvolari.
A sua carreira ficou enrelaçada com a de Enzo Ferrari. Foi com um carro dele que começou a participar no automobilismo em 1940, com um... Auto Avio Construzione (a Alfa Romeo tinha os direitos do nome Ferrari), e a II Guerra Munidal impediu a sua carreira de desaborchar. Mas aproveitou bem os anos seguintes, especialmente quando a Ferrari foi refundada, em 1947. O seu mentor tinha sido Luigi Villoresi, piloto de Grand Prix nos anos 30, e ele o treinou para que fosse o maior rival da Alfa Romeo, e equipa que voltou da guerra a dominar os circuitos.
Em 1950, quando arrancou o Mundial de Formula 1, Ascari não fez muito para contrariar os Alfa Romeo de Farina e do argentino Juan Manuel Fangio. Mas em 1951 lutou pelo título mundial, apesar de só ter ganho duas corridas, na Alemanha e em Italia. Apenas uma má escolha de pneus na última corrida do ano, em Barcelona, fez ceder o campeonato a Fangio.
Contudo, com a Alfa Romeo a ir embora, no final daquele ano, a Ferrari dominou as duas temporadas seguintes, com Ascari ao volante. E foi nessa altura que conseguiu onze das treze vitórias no Mundial de Formula 1, e os seus dois títulos mundiais. Mas quando foi para a Lancia, em 1954, foi quase como recuar à estaca zero, apesar de alguns resultados promissores na última prova do ano, de novo em Barcelona.
Em 1955, Ascari prestava-se para ser o maior rival dos Mercedes, mas a sua aventura no Mónaco acabou no fundo do porto. Felizmente, ele se safou com pouco mais do que um nariz partido.
Ascari era supersticioso. Sempre andou de azul, de capacete e fato com essa cor. E sempre usou o seu capacete, nunca outro. Contudo, três dias depois do acidente, a 26 de maio, já recomposto, estava em Monza a ver o seu amigo Eugenio Castelotti a testar um Ferrari de sport para os 1000 km de Monza, prova onde ambos iriam participar. Era quase hora do almoço, e Ascari tinha o bichinho do automobilismo a coçar, também para mostrar que não tinha medo de guiar depois de um acidente como aquele. Pediu o capacete emprestado a Castelloti e perto da hora do almoço, foi dar umas voltas, provavelmente para exorcizar fantasmas. Acabou morto, vitima de um despiste na Vialone, onde agora é a Chicane com o seu nome. Tinha 36 anos.
O mais doido e que havia paralelismos com o seu pai. Ambos morreram com 36 anos, num dia 26, e quatro dias antes tinham escapado incólumes a acidentes aparentemente graves. E ambos tinham deixado para trás uma viúva e duas crianças.
Depois de Ascari, não houve mais pilotos que se tornaram campeões do mundo. Houve dezenas de pilotos na Formula 1, alguns a correrem pela Ferrari, desde Lorenzo Bandini a Giancarlo Fisichella, a vencerem corridas, mas nenhum deles se tornou campeão do mundo. E hoje em dia, o lugar de Ascari como o senhor do automobilismo italiano, continua por preencher.
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