Apesar das mutilações dos últimos anos, a Formula 1 em Silverstone ainda é um lugar aprazível de se ver, especialmente quando o tempo colabora para isso. Num atípico domingo de verão, com uns agradáveis 27 graus no ar e mais de 50 na pista, os ingleses queriam ver "business as usual", e isso significaria, nas mentes deles, que Lewis Hamilton venceria com sobras e voltaria ao comando do campeonato, depois da contrariedade da semana passada, no Red Bull Ring. Contudo, os Ferrari estão muito melhores nesta temporada, especialmente na parte da conservação de pneus, com estes a ficarem com menos bolhas que a concorrência.
Mas isso não impedia que Vettel e Hamilton tivessem neste momento três vitórias cada um. Um campeonato equilibrado, sem dúvida.
O dia da corrida começa com o Toro Rosso de Brendon Hartley e os Williams de Serguei Sirotkin e Lance Stroll a partirem das boxes e com noticias de que o pescoço de Sebastian Vettel não poderia estar totalmente em forma, o que poderia afetar a sua performance. Mas tirando três ou quatro carros - entre eles os Williams - a maior parte do pessoal estava de pneus moles. Os outros andavam de médios, tentando talvez fazer uma paragem, ou fazer funcionar o mais que podia os pneus que tinham calçados.
As ideias dos espectadores ingleses de que isto seria um passeio para Hamilton desmoronaram-se mal apagaram as luzes vermelhas. A partida foi fantastica... e catastrófica, pois Vettel largou muito bem e venceu Hamilton pela pura velocidade de ponta. Para piorar as coisas, Raikkonen tocou em Hamilton na curva 3, quando lutava pela terceira posição, acabando no fundo do pelotão. Bottas era segundo, mas Raikkonen estava a recuperar, depois de ter passado um dos Red Bull, o de Ricciardo. E na confusão, Charles Leclerc era sétimo, no final da primeira volta.
Hamilton começava a recuperar posições atrás de posições, para tentar recuperar o tempo perdido, tendo quase quatro segundos de vantagem sobre o piloto da Mercedes. O inglês demorou até à sexta volta para voltar aos pontos, depois de passar o Haas de Kevin Magnussen quanto na frente... tudo na mesma, com o carro de Vettel a afastar-se cada vez mais de Bottas. E por esta altura, Kimi Raikkonen era avisado pelos comissários que, por causa do seu incidente na primeira volta, iria ser penalizado em dez segundos.
No final da volta onze, Hamilton já era sexto, tendo apenas os Ferrari, Red Bull e o seu companheiro de equipa, Valtteri Bottas, e esperava ser beneficiado com a penalização de Kimi para subir um pouco mais. O finlandês da Ferrari foi às boxes na volta 13, para trocar de pneus e cumprir a penalização, voltando à pista na décima posição. Na volta 18, Verstappen fez a sua primeira paragem, com pneus duros, provavelmente para ficar o mais possível na pista, e a mesma coisa fez Ricciardo, na volta seguinte.
Na volta 20, Leclerc fez a sua paragem nas boxes, mas um pneu mal colocado fez com que a sua corrida acabasse por ali, estragando as suas chances de pontuar de novo.
Vettel também parou, na volta 21, e Hamilton era o único que não tinha parado, depois de Bottas o fazer na volta seguinte.
Nesta altura - quase metade da corrida - Vettel liderava com quase 3,5 segundos de vantagem sobre Bottas, e mais dois segundos sobre Hamilton, o terceiro classificado, e o piloto alemão parecia estar confortável com a distância. O inglês passou pelas boxes na volta 26, para voltar à pista atrás de Raikkonen, no sexto posto.
Ricciardo parava nas boxes na volta 31, muito cedo para uma eventual segunda paragem, colocando pneus moles para ver no que daria.
Na volta 34, Marcus Ericsson perdeu o controlo do seu Sauber na primeira curva depois da meta, em Abbey, a batia forte na barreira de pneus, sem consequências. Contudo, foi mais do que suficiente para colocar o Safety Car na pista e colocar tudo de volta à estaca zero. Vettel foi às boxes, com os Mercedes na pista para ver se conseguiam alguma vantagem. Max Verstappen fez a mesma ocisa logo depois, com Kimi Raikkonen a fazer a mesma coisa, e claro, Ricciardo também ficava, pois tinha ido antes às boxes.
A corrida regressou na volta 39, mas durou pouco. Enquanto Kimi Raikkonen e Max Versatappen batiam-se pela quarta posição, na curva Copse, Carlos Sainz Jr e Romain Grosjean batiam um no outro e acabavam na barreira de pneus, fazendo com que o Safety Car entrasse de novo na pista.
Demorou mais uns minutos - e algumas voltas - para tirar o Haas e o Renault do sitio onde estavam e depois voltar à uma corrida de sprint até ao final. Bottas estava na frente, com Vettel em cima dele. O alemão tentou passá-lo uma vez, mas o finlandês defendeu-se. Atrás, Kimi Raikkonen voltou a atacar Max Verstappen e conseguiu ficar com o quarto posto.
A partir daqui, foi uma corrida épica, com quatro potenciais vencedores. Vettel atacava Bottas, mas tinha de estar atento a Hamilton e Raikkonen. Na volta 47, o alemão tinha passado por fim o finlandês, ao mesmo tempo que Verstappen tinha sido tocado por Ricciardo e despistado-se, acabando a arrastar-se e acabar a sua corrida no final dessa volta. Excitação e drama ao mesmo tempo...
Hamilton subiu para segundo, e Bottas tinha agora o assédio de Raikkonen para ficar com o lugar mais baixo do pódio. Os Mercedes lutavam porque os seus pneus estavam cada vez mais velhos, e Bottas pagava o preço, ao ser passado por Raikkonen e perdendo o seu lugar no pódio.
No final, não foi o vencedor que os ingleses queriam, e os Ferrari tinham pneus mais frescos para a parte final da corrida. Com isto, o alemão abriu um pouco mais de vantagem no campeonato, mas nada estava decidido, bem longe disso: ainda estamos a meio. Daqui a duas semanas, em paragens alemãs, haveria mais corrida.
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