Seria uma memória muito distante no automobilismo, se não fosse quem foi, onde foi e as circunstancias desta corrida. Com politica pelo meio... para começar. Há oitenta anos, Tazio Nuvolari vencia o GP de Donington Park ao volante do seu Auto Union, mas esta corrida esteve muito perto de não acontecer.
Os alemães já tinham lá estado no ano anterior e dominaram, com Bernd Rosemeyer como vencedor. Infelizmente, seria a sua última vitória nos Grand Prix, pois a 30 de janeiro do ano seguinte, iria morrer quando tentava bater um recorde de velocidade em Estugarda, numa das "autobahns", devido a uma rajada de vento. Mas se em 1937, os alemães foram recebido com um misto de fascínio e curiosidade, no ano seguinte, as coisas eram diferentes. Porque a politica tinha-se metido a meio.
Inicialmente marcado para o dia 30 de setembro, quando a data se aproximou, a Europa sustinha a respiração. Adolf Hitler queria os Sudetas, uma região checa de maioria alemã, debaixo da sua bandeira, mas França e Grã-Bretanha. liderado por Neville Chamberlain, recusavam. Contudo, não queriam uma confrontação física, mas sim um acordo do qual todos salvariam a face. Todos se reuniram em Munique, numa conferência, e às custas da independência checa, Hitler levou a sua avante e evitou-se uma guerra por meros... onze meses.
Contudo, houve uma vitima colateral: a corrida de Donington teve de ser adiada, e os alemães tinham-se retirado da competição. Nova data foi marcada, para o dia 22 de outubro, três semanas mais tarde. As coisas correram bem... mas nos treinos, houve um momento insólito, vivido por Tazio Nuvolari. Na curva McLean, a 180 km/hora, ele colidiu contra um veado que se atravessou pelo caminho. Escapando com umas costelas partidas, ele decidiu continuar a correr o resto do fim de semana, aguentando as dores.
E mesmo com tudo isto, perante o Duque de Kent, irmão do rei Jorge VI, Nuvolari venceu com recorde da pista e um avanço de um minuto e 48 segundos, mesmo depois de ter perdido quase um minuto com uma paragem nas boxes demorada.
E quanto ao veado... ficou com a cabeça e o mandou para Mântua, para servir como troféu.
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