Todos sabem sobre o regresso de Robert Kubica à Formula 1 em 2019, depois de oito anos depois de ausência. O seu acidente no Rali Ronda di Andora, em fevereiro de 2011, com um Skoda Fabia S2000, causou-lhe graves lacerações no braço direito e na perna direita, e também fez interromper uma carreira que se pensava ser de ascensão até ao topo. Desde 2006 na Formula 1, com passagens pela BMW Sauber e Renault, teve uma vitória no GP do Canadá de 2008, e tinha feito 136 pontos e três pódios, na temporada de 2010, sendo oitavo classificado na geral.
Contudo, como já tem lido nos últimos dias, o regresso de Kubica não é o único, nem a distância entre Grandes Prémios é a maior de sempre da Formula 1. Muitos outros pilotos já voltaram à Formula 1 depois de algum tempo de ausência, e nem todos foram bem sucedidos. Já vimos por aqui os regressos de campeões do mundo (Niki Lauda, Alan Jones, Kimi Raikkonen, Michael Schumacher são alguns), mas também existe uma boa quantidade de pilotos com carreira no automobilismo que voltaram após algum tempo de ausência.
Nesta quarta e última parte - por agora - vou falar de mais cinco exemplos de pilotos que voltaram depois de algum tempo, com resultados diferentes. A alguns, valeu a pena, mas a outros... foi mais vergonhoso do que outra coisa.
16 - Alexander Wurz (2005 e 2007)
O austríaco Alexander Wurz teve uma carreira eclética no automobilismo, especialmente na Endurance, onde foi duas vezes vencedor das 24 Horas de Le Mans, por exemplo. Entre 1997 e 2000, ele esteve na Benetton, onde conseguiu um pódio e uma volta mais rápida, tendo como melhor resultado o oitavo lugar em 1998, com 17 pontos.
Contudo, no final do ano 2000, ficou sem lugar na Formula 1 como piloto titular, e decidiu aceitar a proposta para ser piloto de testes da McLaren, lugar onde estava em 2005 quando Juan Pablo Montoya se lesionou a andar de moto. Para as duas corridas no qual o colombiano iria se ausentar, a McLaren chamou os seus pilotos de teste para o lugar: Pedro De La Rosa no Bahrein, Wurz em San Marino. E ali, o austríaco conseguiu o seu segundo pódio da sua carreira, depois de Jenson Button ter sido desclassificado. Com o regresso de Montoya, ambos voltaram a ser pilotos de testes.
Em 2007, a Williams pediu a ele para que fosse piloto titular, dando experiencia à equipa ao lado de Nico Rosberg. Já estava na equipa desde 2006, também como piloto de testes, e a ocasião até foi relativamente bem aproveitada, com o seu terceiro e último pódio da sua carreira no Canadá, e quase alcançou outro pódio no GP da Europa, em Nurburgring, mas Mark Webber levou a melhor.
No final dessa temporada, Wurz retirou-se da Formula 1, mas não do automobilismo, com uma longa carreira na Endurance, primeiro pela Peugeot, depois pela Toyota, até 2015, altura em que pendurou de vez o capacete. Atualmente, é o presidente da GPDA, Grand Prix Drivers Association.
17 - Pedro de la Rosa (2005, 2006, 2010 e 2012)
O piloto espanhol, atualmente com 47 anos (nasceu a 24 de fevereiro de 1971) teve uma carreira longa e com muitas interrupções, quase parecendo um super-substituto, aparecendo sempre para o lugar de alguém ou a salvar determinada equipa com a sua qualidade. E andou num carro de Formula 1 até aos 41 anos.
Correndo entre 1999 e 2002 na Arrows e Jaguar, conseguiu apenas seis pontos, e no final desse ano, acabou por perder o lugar para Mark Webber. Sem lugar como piloto titular, foi para a McLaren como piloto de testes, onde em 2005 e 2006, teve duas chances para mostrar o seu talento... por causa de um piloto.
Como já leram em cima, quando Juan Pablo Montoya se lesionou em 2005, falhando duas corridas, De La Rosa foi correr no GP do Bahrein, acabando no quinto posto e fazendo a volta mais rápida. Regressando ao estatuto anterior, no ano seguinte voltou à ribalta por causa de Montoya, que a meio do ano resolveu sair da equipa. Entre chamar antecipadamente Lewis Hamilton para o posto de titular e apostar no seguro, com o piloto espanhol, escolheu a segunda parte, correndo nas oito provas finais, com um segundo lugar na Hungria e dezanove pontos.
Continuou a ser piloto de testes na McLaren até ao final de 2009, altura em que a Sauber o chamou para ser piloto titular na temporada de 2010, ao lado do japonês Kamui Kobayashi. Contudo, apenas um sétimo lugar em Budapeste foi o melhor que conseguiu e foi substitudo por Nick Heidfeld para as cinco últimas provas dessa temporada.
Ainda voltou em 2011, para correr o GP do Canadá, no lugar de um adoentado Sergio Perez, mas em 2012 fez uma última temporada ao serviço da Hispania, sem resultados de relevo.
18 - Luca Badoer (1995, 1999 e 2009)
A história de Luca Badoer como substituto na Formula 1 vale a pena ser contada. Não só bateu um recorde entre corridas de quase dez anos, como a sua passagem pela Ferrari foi um vexame completo. E por aquilo que fez na sua carreira antes de chegar à Formula 1, não merecia.
Campeão da Formula 3000 em 1992, foi para a Scuderia Itália no ano seguinte, para partilhar com Michele Alboreto a última fila da grelha. Ficou sem lugar em 1994 para no ano seguinte correr pela Minardi, onde foi batido constantemente por Pierluigi Martini e por Pedro Lamy. Depois, uma passagem de meio ano pela Forti até ir para os GT's, para ser de novo chamado pela Minardi para correr na temporada de 1999, altura em que já era piloto de testes da Ferrari. O seu choro compulsivo ao lado do seu carro no GP da Europa de 1999, quando ia a caminho de um quarto lugar certo nessa prova, comoveu o mundo automobilístico.
Ainda nesse ano, houve uma chance para substituir Michael Schumacher quando este se lesionou na perna direita no GP da Grã-Bretanha, mas a Scuderia preferiu por Mika Salo - e chegou a pedir a Jean Alesi para que voltasse, mas ele recusou - e ele ficou na Minardi, antes de no ano 2000 se dedicar à função de piloto de testes.
Contudo, nove anos depois, aos 38 anos de idade, a Ferrari estava de novo numa situação aflitiva. Felipe Massa tinha levado com uma mola no capacete e ficou fora de combate para o resto da temporada, e tinha de se arranjar um substituto. Michael Schumacher foi considerado, mas ele estava a recuperar de uma lesão, logo, Badoer foi o escolhido, como forma de recompensa pelos serviços na equipa de Maranello.
Mas... foi um desastre. Em Valencia estava três segundos mais lento que o resto do pelotão e acabou a corrida na 17ª posição, e em Spa, foi apenas 14º, atrapalhando mais que ajudando. Acabou por ser substituido por Giancarlo Fisichella em Monza, ficando até ao final da temporada. Badoer reformou-se em 2010.
19 - Bruno Senna (2011)
O sobrinho do mítico Ayrton Senna teve uma estreia pela "porta dos fundos" através da Hispania, em 2010. Depois, ficou de fora da Formula 1 até que a meio de 2011, a Lotus o chamou para ser piloto titular no lugar de Nick Heidfeld. Contudo, apesar de pegar no carro a partir do GP da Bélgica, apenas um nono lugar foi o seu melhor resultado.
Foi o suficiente para em 2012 ter sido piloto titular na Williams, conseguindo uma volta mais rápida e 31 pontos, mas não o suficiente para continuar. Depois da Formula 1, passou pela Endurance e Formula E, pela Mahindra.
20 - Romain Grosjean (2012)
A carreira de Romain Grosjean na Formula 1 poderia ter acabado logo no seu primeiro Grande Prémio, em 2009. Chamado à Renault depois do despedimento de Nelson Piquet Jr, a passagem foi um desastre. Na segunda corrida da sua carreira, em Spa-Francochamps, causa uma carambola na travagem para Les Combes, obrigando à interrupção da prova. Sem pontuar nesse ano, praticamente é descartado, acabando no ano seguinte a fazer a... AutoGP, acabando por vencer.
A Lotus-Renault, contudo, não o esqueceu. Terceiro piloto em 2011, foi titular em 2012, onde quando domava a sua impulsividade, acabava em lugares pontuáveis ou de pódio. Até chegar o GP da Bélgica desse ano, onde causou nova carambola, desta vez nos primeiros metros, em La Source. A FIA foi implacável e suspendeu-o por uma corrida.
Depois disso, tornou-se num piloto mais consistente, mas com uma ou outra polémica de vez em quando. Atualmente, está na Haas, depois de ter corrido na Lotus até ao final da temporada de 2015.
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