Abu Dhabi só tem toda esta importância por ser a última corrida do ano. Como para ter esse privilégio, teve de pagar muito a Bernie Ecclestone - há sempre um extra por ser a primeira e a última corrida do ano - ter este lugar na península arábica só se justifica pelo tamanho da mala cheia de dinheiro que eles pagam para ter esta corrida. E claro, com isso, há mais: afinal de contas, são as últimas corridas de pessoal como Fernando Alonso ou Marcus Ericsson. Ninguém pendurará o capacete, muitos transferem-se de equipa, outros vão tentar a sua sorte noutras paragens - o sueco Ericsson vai para a IndyCar, e o belga Stoffel Vandoorne para a Formula E, por exemplo - e é por isso que esta corrida acaba por ter a sua importância.
A expectativa, depois do que aconteceu na qualificação de ontem, era que Lewis Hamilton iria dominar a seu bel-prazer. E se Valtteri Bottas andasse ao ritmo do seu companheiro de equipa, se calhar poderia haver ordem de equipa. Era uma chance. Mas a corrida começou com agitação. Não na frente, mas sim a meio do pelotão.
Apagadas as luzes - depois de Will Smith ter agitado a grelha antes da volta de aquecimento - a partida correu bem para os da frente, mas quando Romain Grosjean e Nico Hulkenberg disputavam o sétimo posto, ambos tocaram-se, com o piloto da Renault a voar e a acabar de cabeça para baixo. Safety Car lançado e os comissários a fazerem força para tirar o alemão do seu carro, pois estava preso. Passado pelo centro médico, ele não teve nada de especial.
A corrida recomeçou pouco depois e na sétima volta, o motor de Kimi Raikkonen calou-se, antecipando o final da carreira do finlandês na Ferrari. O Safety Car Virtual foi acionado para tirar o carro da pista, enquanto Lewis Hamilton aproveitava a ocasião para ir às boxes e trocar de pneus. Foi a sua única passagem, e quando voltou à pista, era quinto, atrás de Bottas, Vettel e dos Red Bull.
Após isso, a corrida recomeçou e estava a instalar a habitual modorra que acompanha esta prova quando por alturas da volta vinte... começava-se a ouvir relatos de chuva! Incrível, não é? Chuva no deserto, e parecia que isso iria acontecer. Os avisos das boxes aos pilotos provavelmente traziam alguma incredulidade, mas em poucos minutos, as gotas de chuva na noite começavam a cair na pista.
Mas se as expectativas eram altas, na realidade, não choveu. Ou se choveu, o impacto foi nulo.
Ricciardo manteve-se na frente até à volta 33, quando foi às boxes meter supermoles, caindo para quinto. Hamilton voltava para a liderança, com Bottas a cometer um erro e Vettel aproveitou para o ultrapassar e ficar com o segundo posto. E o finlandês era agora pressionado por Max Verstappen... a luta entre o holandês e o finlandês aconteceu na volta 38 e de forma musculada, o Red Bull passou-o. Duas voltas depois, foi a vez de Ricciardo passar o piloto da Mercedes. Preocupados, a Mercedes optou por trazer Bottas às boxes na volta 41, para trocar de pneus.
Mais drama na volta 46, quando Esteban Ocon teve problemas no seu carro, rumando para as boxes e abandonar a corrida, interrompendo antecipadamente a carreira. E quase a seguir, a mesma coisa acontecia a Pierre Gasly, encostando o seu Toro Rosso à berma e ficando por ali.
Até ao final, nada de especial. Lewis Hamilton vencia pela 11ª vez no ano, com Sebastian Vettel e um Max Verstappen em alta a acompanhá-lo no pódio. Para final de festa, todos festejaram com "donuts" para deleite dos que lá foram: Hamilton, Vettel, e Alonso, depois dos dois primeiros terem feito escolta na volta de descontracção, apesar do espanhol não ter conseguido pontuar. Mas não importava: era o final de uma era na Formula 1 que terminava ali.
Próxima temporada tem mais, e até lá teremos muita coisa automobilística para ver: Dakar, Daytona, Monte Carlo, Formula E... não compensa muito, para muita gente, é verdade, mas há automobilismo para além da Formula 1.
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