quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

A história de um desastre anunciado

Os testes de pré-temporada, em Barcelona, estão a decorrer... com uma notável ausência. A Williams, equipa com 42 anos de existência, vive tempos difíceis, e esperava que o seu chassis, o FW42, pudesse ser aquele que colocasse as suas performances ao nível dos seus pergaminhos. Contudo, desde domingo que todas as noticias relacionadas com o carro e a equipa são resumidas em uma só palavra: desastre. Em todos os sentidos, o carro que será pilotado por Robert Kubica e George Russell arrisca a ser o pior de sempre, e os seus elementos estão à beira... do motim.

E é sobre porque a razão a Williams virou uma Andrea Moda da vida que me vou dedicar a escrever nas linhas seguintes.

Os rumores surgiram no domingo à noite. O site "The Judge13", normalmente bem informado, com boas fontes, tinham largado o alerta. E eu deixei essa mensagem na página do Facebook deste blog, dizendo o seguinte:

"A Williams ai atrasar a estreia do FW42 por dois dias por causa de um probloema estrutural, de alinhamento.

Segundo conta o site "The Judge13", na sua conta do Twitter, o carro necessita de ser redesenhado por causa da instalação do sistema de arrefecimento dos travões. Um problema que detectaram na semana passada, quando estavam a construir o carro.

O que estão a fazer agora é construir um novo chassis, montar parte dele na fábrica e levar o resto às peças para Barcelona, na terça à noite, e depois estarem de pé o resto da noite para que tudo fique pronto na quarta-feira para que George Russell e Robert Kubica possam dar as suas voltas.

A fonte afirma o seguinte: "[O carro] foi mal desenhado. Não foi uma questão de construção. As partes não estão a alinhar direito e não se conseque construir um sistema de travagem [no carro] porque simplesmente, não cabe".

A ser verdade, é muito, muito grave. E claro, vai atrasar imenso o desenvolvimento do FW42."

Claro, houve quem não acreditasse nesta noticia, mas a realidade veio de uma certa forma calar os céticos. O carro, de fato, está em Barcelona, mas não rodou - apenas hoje deu as suas primeiras voltas. Mas poucas horas antes, nesta madrugada, dou de caras com este artigo do The Telegraph, e basicamente... arrasa a reputação da equipa na lama. Desde Claire, a filha de Frank, passando por Paddy Lowe e mais alguns. E nunca - sejamos honestos, nunca - pensei ler a palavra "motim" em relação à Williams. 


"A Williams está à beira de um motim total contra seu diretor técnico, Paddy Lowe, já que os problemas com a construção do seu carro de 2019 ameaçam privar a equipa do crucial período de testes de inverno pelo terceiro dia consecutivo. Mesmo com os padrões recentes - e sombrios - da equipa britânica, os eventos das últimas 48 horas vão além da paródia. Numa altura em que a Williams esperava estar a aperfeiçoar a sua máquina antes do primeiro Grande Prémio da temporada, em Melbourne, no mês que vêm, os engenheiros andam às voltas, furiosos, num hotel perto do Circuito da Catalunha, com o carro ainda preso na sua sede em Oxfordshire."

"Com o carro a estar presente em Barcelona apenas na madrugada de quarta-feira, a Williams esta trabalhando horas extra para garantir que ele esteja pronto para a sessão da tarde. Após o cancelamento do "shakedown" do Williams FW42 planeado para o final da semana passada, bem como a perda de dois dias e meio de testes, a paciência [da equipa] com Lowe, o chefe técnico da equipe, está no ponto de ruptura".

O artigo prossegue com duas coisas interessantes: primeiro, com o falhanço de Paddy Lowe no campo das responsabilidades dentro da equipa, e apesar de Claire Williams assumir as responsabilidades no dia-a-dia, não é suficiente, apesar da ajuda do pai para o campo geral. Nem Claire é Frank, nem Paddy é Patrick Head, o engenheiro que foi o braço-direito de Frank durante os seus tempos de auge, mesmo quando ele sofreu um grave acidente de viação em fevereiro de 1986, em Paul Ricard, que o deixou paralisado do pescoço para baixo.

E pelos vistos, vêm aí um documentário da Netflix onde mostra todas estas tensões a nu. Aparentemente, durante o fim de semana do GP do Mónaco de 2018, os funcionários da marca começaram a questionar as decisões, quer de Claire, quer de Paddy Lowe. E quem viu o documentário sofre o tio Frank, em 2017, lembra-se que as relações entre Claire e Jonathan, dois dos filhos de Frank, não são as melhores...

E para piorar as coisas, fala-se que este carro poderá ser dois segundos mais lento... que o carro de 2018. Que já não era muito veloz. Ir de cavalo para burro é muito mau, ainda por cima quando se sabe que o carro da temporada anterior era, em muitos aspectos, um dos piores do pelotão porque não tinha suficientemente "downforce".

Esta quarta-feira foi o primeiro dia de rodagem do carro. Contudo, ainda temos de esperar para ver como o carro se comportará em relação à concorrência. Não esperem milagres, é mais provável que este seja mais uma temporada de sofrimento. De uma equipa que detêm oito títulos mundiais.

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