Há lugares onde um é bom, e o outro é melhor. Na Austrália, a Mercedes foi a grande dominadora no fim de semana, e em paragens barenitas, parecia que os carros da Ferrari seriam os melhores. Mas o automobilismo é um deporto cruel, e no dia em que a marca de Maranello iria ser o maior triunfador, a cabeça de Sebastian Vettel e um os cilindros do motor de Charles Leclerc não deixaram. O monegasco deveu o seu primeiro pódio na Formula 1 graças aos azares dos outros, e a Mercedes sai de Shakir com uma dobradinha caída do céu.
O filme da corrida começou com todos a andarem preocupados com o vento, que poderia deixar sujidade na pista e deixá-la ingovernável para os pilotos. Afinal, isso nem sequer foi assunto. Esperaram pelo final do dia, depois do sol posto, para se prepararem para o inicio de uma prova onde a pista não é grande coisa, mas as corridas são magnificas, pelo menos desde 2014.
A partida começa com Vettel a ser melhor que Leclerc, que também era passado por Valtteri Bottas. Lelcerc era terceiro, com Hamilton a ameaçar. Logo no final da primeira volta, O alemão tinha 1,4 segundos de vantagem sobre o finlandês da Mercedes. Mas pouco depois, o monegasco passou o finlandês, que depois foi superado por Hamilton, relegando-o para o quarto posto.
No meio do pelotão, a confusão do costume. Carlos Sainz Jr foi ter com Max Verstappen, que fechou-o e acabou com um furo para o espanhol da McLaren. Romain Grosjean também foi às boxes para trocar de pneus, possivelmente por causa de um furo. Ambos cairam para o fundo do pelotão.
Nas voltas seguintes, Leclerc aproximou-se de Vettel, e na volta 8, passou por fora para ficar com a liderança. No sexto posto estava agora Daniel Ricciardo, no seu Renault, enquanto Kimi Raikkonen era sétimo, depois de passar Kevin Magnussen.
As coisas acalmavam-se nas voltas seguintes, até que na volta 11, Bottas vai às boxes para trocar a médios. Ao mesmo tempo, Daniil Kvyat saiu de pista, ao tentar passar António Giovinazzi. A seguir, Leclerc vai às boxes, com Hamilton a parar a seguir, colocando moles, numa estratégia para ver se é mais veloz que os Ferrari. Ao sair das boxes, o inglês voou, para ver se os superava, mesmo que Vettel ainda não tivesse de ir trocar de pneus. Vettel acabou por ir na volta 13, com Ricciardo em segundo. O australiano da Renault manteve-se na pista com os pneus que partiu, e claro, todos os passaram, caindo para sexto na volta 20.
Agora a táctica parecia ser a seguinte: se metessem médios, poderiam ficar o resto da corrida, e com moles, poderiam parar uma segunda vez. E isso só valeria a pena se aparecesse um Safety Car, obrigando o pelotão a colocar novos, caso seja necessário. Mas a meio da corrida, via-se que todos, não interessava que tipo de pneu teriam, iriam parara uma segunda vez.
Na frente, Leclerc aguentava Hamilton, com Vettel na frente de Bottas. Na volta 19, Gorsjean acabou por parar nas boxes, acabando por abandonar pela segunda vez na temporada. Na pista, Vettel aproximava-se a Hamilton, e o britânico parecia perder tempo, mesmo com os moles. O alemão já estava em cima dele, mostrando que a tática do campeão do mundo tinha sido um erro. E na volta 22, ele admitiu isso, ao afirmar que era "um alvo em movimento": Vettel passou-o, pouco depois.
Ricciardo foi às boxes, após 25 voltas, voltando a meter médios. Hamilton tentava evitar que Vettel se afastasse, mas os pneus que tinha não ajudavam muito. Bottas estava muito atrás, é verdade, mas mesmo a quem tinha pneus médios, parecia que iria haver uma segunda paragem.
A partir da volta 35, os pilotos fizeram segunda paragem, com Hamilton a parar de novo, caindo para quarto posto, para Vettel parar na volta seguinte, mantendo o segundo posto, mas Hamilton estava mesmo atrás dele. Lelcerc parou na volta 37, continuando na frente, mas com Bottas logo atrás. E agora, todos com médios, Hamilton quis passá-lo. Houve faíscas voando, mas o alemão manteve-se.
Mas na volta seguinte, Hamilton voltou à carga e Vettel errou. Fez pião e quebrou a asa dianteira. Arrastou-se até às boxes, onde substituiu tudo e voltou na oitava posição, atrás dos Renault e do McLaren de Lando Norris. Pouco depois, passou Norris e Ricciardo, para ser sexto, e depois passou Hulkenberg, para ser quinto.
Na frente, parecia que Leclerc ia ter uma liderança descansada, mas na volta 47, o piloto começa a falar na rádio que tem problemas com o motor (na realidade, era o MGU-H que falhava), perdendo três segundos por volta. Hamilton aproveita para se aproximar, e o passar na volta 48. Um autêntico golpe, pois num fim de semana onde poderiam ter ter tudo, podem acabar por não ter nada, pois Leclerc era quatro segundos mais lento por volta.
Mas na volta 55... uma confusão. Três carros com motor Renault desistem na mesma volta, com o mesmo problema. Com três carros parados, a direção de corrida decide colocar o Safety Car, e foi com esse carro na frente que a corrida termina assim. Com isso, Leclerc salvou um lugar no pódio - Verstappen ficaria em cima do monegasco, mas não o passou. Vettel foi quinto, o melhor resultado possivel, na frente de Lando Norris, dando os primeiros pontos do ano para a McLaren, Kimi Raikkonen, no seu Alfa, o Red Bull de Pierre Gasly, Alexander Albon e Sergio Perez a fechar os lugares pontuáveis.
E de um lugar que tinha tudo para ser aborrecido, acabou por nos providenciar mais uma corrida excitante para quem assistiu. Agora, mais duas semanas até à prova numero mil da história da Formula 1, quase 69 anos depois da primeira. Certamente, todos comemorarão na China, e espero que a prova seja também excitante. Até lá.
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