Louis Chiron, a dar a bandeira de xadrez no GP do Mónaco de 1967, provavelmente a Dennis Hulme, numa prova marcada pelo acidente mortal de Lorenzo Bandini. Nessa altura, Chiron era o diretor de corrida do GP do Mónaco, a sua terra natal, e já tinha pendurado o seu capacete há muito. Mas a sua vida de piloto tinha sido muito longa, começando no final da I Guera Mundial e terminando mais de 35 anos depois, com outra guerra pelo meio.
Apaixonou-se pelo automobilismo em tenra idade, mas a I Guerra Mundial meteu-se pelo meio. Esteve num regimento de artilharia, mas os seus dotes mecânicos e ao volante eram tão bons que se tornou motorista de generais e marechais, no final da I Guerra. Era ele que, de vez em quando, transportava o Marechal Foch, o chefe supremo dos Aliados, ou o Marechal Pétain, um dos mais importantes de França. Mas o automobilismo já era um desporto caro, e para sustentar, recorreu a muitos atributos. Era bonito, charmoso e um excelente dançarino. E o ambiente de Nice e Mónaco, cheio de milionários - e milionárias... - assentava bem às suas ambições. Arranjou um financiador em Albert Hoffman, um dos barões da industria farmacêutica, que lhe providenciou um Bugatti, e os seus primeiros resultados foram suficientes para ser piloto oficial. Mas ao mesmo tempo que vencia nas grandes corridas europeias, ele era o amante da mulher de Hoffman...
O "affaire" foi descoberto em 1932, e ele acabou por sair da Bugatti. Mas tinha feito amigos, vencido corridas e influenciado o mundo das corridas, suficiente para ir correndo pela Alfa Romeo, ao lado de Tazio Nuvolari. E por causa de Rudolf Caracciola, seu amigo, foi também ser piloto de um dos Flechas de Prata, em 1935, mas a sua passagem foi um fracasso. E para piorar as coisas, um acidente o fez pendurar o capacete por uns tempos.
Não se sabe muito bem o que andou a fazer na II Guerra Mundial. Talvez a sua nacionalidade contribuiu para escapar entre os pingos de chuva, mas depois dela, não teve pejo em acusar - sem provas - a piloto Elle Nice de ser traidora, de ter servido os alemães. Todos acreditaram na palavra de Chiron e ela, que queria voltar a correr, não conseguiu arranjar carro e acabou por cair na obscuridade, morrendo em 1984.
Chiron correu até bem tarde na vida, e em certos lugares, a sua palavra significava "velocidade". Na então Checoslováquia, "correr como Chiron" significava isso, dado que venceu por ali por três vezes consecutivas. Hoje em dia, o mais recente supercarro da Bugatti têm o seu nome, e ao andar a 400 km/hora, faz jus ao seu nome.
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