Assistir a uma coisa destas é o equivalente à chegada do circo à cidade. Há as atrações que todos conhecem, mas muitos desejam ver as novas. Para mim, este ano, atraiu-me duas coisas: sentar-me num simulador de corrida e ver as atrações internacionais, tanto quanto os carros que desfilaram no circuito desenhado no parque de estacionamento do estádio. E claro, o desfile que encerra o Leiria Sobre Rodas, no domingo.
Ao contrário dos anos anteriores, este ano esteve muito calor. Não direi que não é habitual para setembro, mas como já sofri em outubro, começo a habituar-me. Logo na primeira noite, aproveitei para passear com o progenitor e aproveitar o simulador que estava no stand da Toyota. As voltas que dei ao volante de um monolugar, em Monza - depois de carregar no pedal errado na minha primeira tentativa... - fizeram com que estivesse mesmo no meio de um carro, a mais de 280 por hora, no circuito dos arredores de Milão, de tão realista que era. E ainda por cima, com um capacete virtual, sente-se que é piloto. Gostei.
No sábado, entre o contraste do calor e do céu carregado de nuvens, dei por mim na sala onde estavam os convidados deste ano: Massimo Biasion e Markku Alen, o senhor "Maximum Attack!", que foram a certa altura companheiros de equipa da Lancia, especialmente em 1986, quando guiavam o mítico Delta S4, que tinha turbocompressor e supercompressor. Tirei fotos com eles - guardo-os para mim - e pedi-lhes uns autógrafos - que os esqueci, para erem que não tenho mesmo espírito para os pedir... - mas o que me impressionou foi o pessoal que trouxe modelos de 1:18 dos Deltas para que eles assinassem, bem como os livros sobre os Lancias que guiaram. Se para os livros, até entendo, os carros é um pouco mais complicado, mas entendo a paixão. E entendo como é que conseguiam guiar entre as multidões loucas dos anos 80, fosse em Sanremo, em Sintra, Fafe ou Monte Carlo. É como dizia o Alen: sem espectadores, não há rali. E é verdade. Acho que hoje em dia, atingiu-se esse equilíbrio, e qualquer excesso é passaporte para um cancelamento da etapa.
Chegados a domingo, no desfile, de novo debaixo de calor - mesmo com o sol posto - o mais engraçado foi ver as motos a circularem pela cidade, como se a decidissem tomar conta dela, quais mongóis prontos a conquistá-la. Depois, as buzinas, os fumos dos escapes, os cheiros da gasolina, todos comprimidos naquele centro da cidade, fizeram o resto, despedindo-se de nós e dizer que daqui a um ano estarão de volta para mais voltinhas, mais demonstrações e mais um ou outro herói do passado do qual o fã trará os livros e os modelos que têm em casa e os pede para assinar. Porque é assim que estas coisas são feitas. Para recordar o passado, alimentar o vicio e ter histórias para contar aos amigos ou aos netos.
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