quarta-feira, 2 de outubro de 2019

No Nobres do Grid deste mês...

O mês que passou não foi simples para o automobilismo. O acidente mortal de Anthoine Hubert, durante a primeira corrida da jornada dupla de Formula 2, em Spa-Francochamps, mostrou que o automobilismo, há um jogo de gato e rato com a morte, onde à medida que se adota um procedimento de segurança, um acidente e os seus acasos fazem com que tudo seja repensado de novo. Por causa disso, Hubert, de 22 anos, pagou o preço mais alto quando queria alcançar o sonho da Formula 1. E ainda por cima, nas vésperas do aniversário da morte de outro piloto mítico, Stefan Bellof, cujo acidente mortal aconteceu 150 metros mais abaixo do local deste, na veloz Eau Rouge.

Contudo, no acidente, outro piloto ficou gravemente ferido, o equatoriano Juan Manuel Correa, que corre com licença americana. Aos 20 anos, também tinha o sonho da Formula 1, mas o seu acidente poderá ter colocado isso em suspenso. Ferido em ambas as pernas, sofreu também um traumatismo toráxico, que o colocou em coma artificial por alguns dias, para retirar os líquidos acumulados devido ao trauma.

Sobre Hubert e Correa, lembrei-me de Ernst Hemingway, que escreveu a seguinte frase: "Tourada, automobilismo e montanhismo são verdadeiros desportos. Tudo o resto são jogos".

(...)

Quando soube no passado dia 19 que Robert Kubica iria abandonar a Williams, provavelmente para não mais voltar a correr num Formula 1, tirei o meu chapéu – virtualmente, claro – à sua perseverança, à sua luta para voltar a um carro de Formula 1, oito anos depois de um acidente onde ficou com a sua mão direita muito maltratada, e que andou meses - senão anos - a fazer fisioterapia para recuperar o máximo de movimentos possível. Para mim, este seu regresso é um feito tão grande quanto a do Alex Zanardi teve para voltar a correr num carro de corridas depois do seu acidente em Lausitzring, em 2001 onde, como sabem, perdeu ambas as pernas.

E tiro o chapéu porque, normalmente, este tipo de acidente seria uma sentença de morte. E foi isso que muitos deram na altura. Lembro-me daquilo que diziam quando ele voltou aos automóveis e andou nos ralis por algum tempo, chegando até a correr no WRC. 95 por cento das pessoas diziam nas redes sociais frases como "pobre coitado, acabou a sua carreira na Formula 1", "se não fosse o acidente, seria grande", etc, etc. Essa gente dizia - jurava, até - que não o veriam mais a guiar um Formula 1. Quanto muito, só o faria de um modo simbólico.

Pois bem, voltou a um Formula 1. Não uma, nem duas, nem três, mas as vezes suficientes para mostrar que ainda era alguém válido, onde volta após volta, fosse no simulador, ou fosse num carro real, as suas impressões eram suficientemente válidas para os engenheiros, para uma equipa. E foi por isso que a Williams o contratou para a temporada de 2019, quando em 2018 preferiu dar uma chance a Serguei Sirotkin, do qual acharam que não rendeu aquilo que esperavam.

O último mês foi marcante, e não foi fácil para os amantes do automobilismo. A 31 de agosto, durante uma prova de Formula 2, em Spa-Francorchamps, o francês Anthoine Hubert encontrou a morte depois de uma carambola onde foi envolvido numa colisão em T com o carro do equatoriano Juan Manuel Correa, causando também ferimentos graves no piloto de 20 anos, que já esteve em coma induzido e que ainda corre risco de perder a perna direita.

O acidente de Spa é a recordação de que o automobilismo continua a ser perigoso, apesar de todos os avanços no capitulo da segurança. É como se fosse um jogo de gato e rato com a Morte.

Três semanas mais tarde, em Singapura, Robert Kubica anunciou que abandonaria a Williams no final da temporada, e provavelmente, a Formula 1. Oito anos depois de ter sofrido um grav3e acidente que mutilou o seu braço e mão direita, e depois de uma presença nos ralis, regressou à Formula 1 como titular. Contudo, a Williams fez aquilo que se pode considerar como o pior chassis desde 1975, e os resultados são muito maus. Ironicamente, o único ponto que a equipa conseguiu nesta temporada é graças... a Kubica, décimo no GP da Alemanha.

Apesar dos comentários derrisórios de muita gente, só se pode tirar o chapéu por ter andado num Formula 1, um desporto exigente, e não passar muita vergonha. E ele é um elemento ainda válido que logo depois de ter anunciado a sua saída, Racing Point e Haas disseram que o contactaram para saber se gostaria de ser piloto de testes nas suas equipas, devido à sua capacidade de transmitir dados aos engenheiros.

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