Na minha homenagem que fiz ontem ao Joaquim Moutinho, bi-campeão nacional de ralis em 1985 e 86, único vencedor português numa prova do WRC, morto na sexta-feira aos 67 anos, deixei de lado um capítulo da sua curta, mas fulgurante carreira nos ralis nacionais, a bordo do mítico Renault 5 Maxi Turbo - a matricula NG-81-41 entrou no imaginário nacional de uma geração. Esse episódio aconteceu no Rali do Algarve de 1984, que como agora, era a prova de encerramento do Nacional de ralis. E é um episódio que entra na história pelos piores motivos.
Naquele ano, como já tinha dito ontem, Moutinho, apoiado pela Renault Portuguesa, entrou de rompante no panorama nacional de ralis, contra Joaquim Santos e o seu Ford Escort RS, inscrito pela Diabolique, a equipa montada pelo Miguel Oliveira, seu navegador. E aquela temporada tinha sido a de um verdadeiro duelo entre os "Joaquins" que empolgava os fãs e fazia vender jornais.
E tudo iria ser resolvido no Rali Algarve. Aí, o duelo Ford vs Renault era forte, pois era um vencia, ora outro respondia com o melhor tempo na classificativa seguinte. Contudo, na zona de Monchique, alguém - nunca se soube quem - colocou uma barra de ferro com dentes pontiagudos, no intuito de fazer colocar Moutinho fora da estrada. Quando o Renault passou, todos os quatro pneus furaram e ele não teve outro remédio senão abandonar, entregando o título para Santos. Ninguém acredita que tenha sido um ato da concorrência, mas todos aceitam a ideia de que foi um acto de vandalismo puro e duro. Anos depois, Moutinho ainda ficava perturbado com esse acto, que considerava como "nojento".
Mas depois de ter mostrado o que tinha a mostrar, Moutinho estava imparável nos dois anos seguintes, vencendo ambos os campeonatos, e forçando a concorrência a ir arranjar um Grupo B, o Ford RS200, cujas consequências foram os que soubemos na Lagoa Azul... e deu a Moutinho a sua vitória mais amarga da sua carreira.
Na altura passaram a chamar ao "Diabolique" o perfume dos pregos...
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