O antigo piloto e um dos pioneiros da segurança do automobilismo americano, Bill Simpson, morreu esta segunda-feira aos 79 anos, três dias depois de sofrer um AVC. Ao longo dos anos 60 e 70, foi um piloto lutador e decidiu montar um negócio na garagem da sua casa que marcou uma épica em termos de segurança, do qual muitas das vezes... era a sua cobaia. E transformou num império.
Nascido a 14 de março de 1940, em Hermosa Beach, na California, começou a correr na adolescência, em dragsters, passou o seu 18º aniversário com ambos os braços partidos devido a um acidente, algum tempo antes. Foi aí que a sua mente começou a funcionar a favor da segurança, quando decidiu colocar um para-quedas no seu carro para ajudar na travagem. O sistema funcionou tão bem que a NHRA, a entidade que supervisiona o campeonato de "dragsters", adoptou-o como seu equipamento obrigatório de segurança.
Um dia, algures a meio dos anos 60, conheceu o astronauta Pete Conrad e lhe falou de um material chamado Nomex. Produzido pela DuPont, um dos gigantes da industria química, é um polímero com base em nylon e que serve para retardar a ação do fogo em caso de acidente. Com os acidentes de Eddie Sachs, nas 500 Milhas de Indianápolis de 1964, na memória, Simpson começou a usar os fatos Nomex e em 1967, a esmagadora maioria dos pilotos na Formula 1, Indianápolis e Endurance já usavam como fato de competição.
Em 1971, Simpson foi correr nas 500 Milhas de Indianápolis com o seu fato de competição e o seu capacete integral, e os pilotos eram algo hostis a ele, a principio. Contudo, um dia, em 1974, colocou-se ele mesmo a arder para provar a eficácia do seu equipamento de segurança, pois ele já tinha começado a montar o seu negócio. Isso iria ser a sua imagem de marca.
Ao longo dos anos 80 e 90, Simpson já tinha pendurado o seu capacete como piloto e fazia para expandir o seu império, fazendo mais e melhores fatos, bem como capacetes, luvas, cintos e outro tipo de equipamentos de segurança para melhorar a vida dos pilotos e aumentar a sua capacidade de sobrevivência.
Contudo, em março de 2001, a sua reputação sofreu um forte abalo. Durante o Daytona 500, a prova mais importante da NASCAR, Dale Ernhardt sofreu um acidente mortal na última volta devido a uma fratura na base do crânio, e isso foi um choque na comunidade automobilística. A NASCAR afirmou, no seu inquérito, que a culpa tinha sido do seu cinto de segurança, que era fabricado pela Simpson. Contudo, era conhecido que Earnhardt não gostava de andar apertado no seu carro e isso contribuiu para o seu impacto fatal. Simpson foi alvo de apoiantes zangados e recebeu centenas de ameaças de morte. Acabou por se demitir da companhia em julho de 2001, e processou a NASCAR, afirmando que eles procuravam um bode expiatório. O assunto ficou terminado em 2003, com um acordo fora dos tribunais.
Homem determinado, adorava uma boa luta de bar, do qual vencia sempre. E era mais um exemplo de sucesso so sonho americano, pois veio de uma infância pobre e anónima para o topo da cadeia, sendo multimilionário, e pelo meio, salvou vidas e transformou o automobilismo em mais vezes que julgava. Ars lunga, vita brevis, Bill.
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