É real, mas vai acontecer. Depois de 24 anos e um mês, a Formula 1 estará de volta a Portugal. Não será no Estoril, mas sim em Portimão, um autódromo construído em 2008 para esse fim, e num lugar eminentemente turístico como o Algarve. 25 de Outubro pode não ser época alta, mas com o facto de poder acolher público - Paulo Pinheiro, o presidente do Autódromo Internacional do Algarve, fala em 60 por cento, ou seja, 40 a 45 mil pessoas, no máximo - poderá ser um dos chamarizes que a região pretende ter, depois da fuga de turistas que acontecerá este ano devido à pandemia do coronavirus e que, esta sexta-feira, fez com que o governo britânico desaconselhasse as viagens de avião para o Algarve, porque se fossem, passariam por uma quarentena de duas semanas.
Claro, se a uns, é um momento de felicidade, para outros, é de tristeza. A Formula 1 não irá às Américas porque tudo está fora de controlo. Brasil, Estados Unidos e México são dos países com mais infectados, e com mais mortes devido à doença. Os seus governantes são dos mais incompetentes em relação ao combate à doença, ignorando as recomendações do uso da máscara e indo para o desconfinamento cedo demais, colocando a economia à frente da vida das pessoas. E em sítios como a Florida e o Texas, estado do qual a cidade de Austin faz parte dela, tiveram de recuar nesse desconfinamento porque os casos aumentaram exponencialmente, de forma quase criminosa.
Para o Brasil, é o final de 48 anos ininterruptos a receber o Grande Prémio, desde 1973, primeiro em Interlagos, depois em Jacarépaguá, até regressar ao autódromo paulista em 1990, para não mais sair, apesar de recentemente, estar-se a tentar um regresso ao Rio de Janeiro, em circunstâncias que mais parecem ter sido tiradas de um comédia francesa dos anos 70, com Luis de Funés como ator principal, do que algo sério, com pés e cabeça...
Os locais ficam desanimados, e temem que isto seja o principio do fim, mas isso vai sempre depender da vontade de aqueles que negoceiam. São Paulo é mais séria, e no Rio, com o envolvimento da familia presidencial, não fico admirado se servirem do negócio para meter mais algum nos bolsos deles, ou então para alimentar a máfia que pretende controlar a cidade. Mas isso sou eu. Também interessa que o Brasil esteja no calendário, mas tem de ser algo bem feito, sem terceira intenções, porque todos ganham com o Brasil no calendário devido ao exotismo do lugar e das gentes, absolutamente apaixonadas pelo desporto.
Espera-se que isto não seja mais do que temporário. Uma temporada expecional, em tempos excepcionais, e que na normalidade, ambos os circuitos, mais Austin, estejam num calendário que agrade a todos os fãs do automobilismo.
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