A hibernação foi longa, mas por fim, acordou. Mas quando acontece, as coisas não estão normais. Não estão como era dantes. O cancelamento australiano esteve prestes a não acontecer porque os organizadores mantiveram as coisas até ao limite, e a ideia de aquilo poder ser um enorme foco da doença e as suas consequências morais e de saúde pública, levou a melhor. Fico a pensar no que teria acontecido se fosse Bernie Ecclestone a mandar no circo...
Mas como disse, de março a julho, foram quatro meses onde a pandemia fez das suas. Todo o calendário foi deitado fora, e do novo, apenas sabemos dos oito primeiros. Ou seja, até ao inicio de setembro, saberemos onde o pelotão andará. E vai estar na Europa, mais seguro e que regressa lentamente do confinamento a que esteve sujeito. Mesmo ali, nos verdes campos da Styria, cujas montanhas onde há meio século, Julie Andrews cantava em Hollywood "que estavam vivos com o som de musica", ninguém se pode aproximar daquela caravana. Nem o público, nem a maior parte dos jornalistas e os mecânicos e engenheiros tiveram de ser escrutinados fortemente para serem escolhidos para se deslocar ao lugar, e ficar por duas semanas, porque na semana que vêm, regressarão a correr, no mesmo lugar.
E os pilotos, como toda a gente, são testados vezes e vezes sem conta. Porque eles, as autoridades de saúde, não querem escorregar, errar, passar por tontos, porque há muitos que não queriam isto, queriam um confinamento mais estrito, quase que a vida parasse pelo tempo que fosse preciso.
Mas ao chegar por lá, mesmo com todo o aparato, as polémicas técnicas não andam longe. A Red Bull queria protestar o sistema DAS, um sistema de direção de eixo duplo, na Austrália, porque achava que fazia mover algumas partes do carro, como os amortecedores, e isso é ilegal. Como disse, queria protestá-lo em Melbourne, mas não deu. Agora, chegou à Áustria e fez o protesto. Demorou boa parte da noite a ser apreciado, mas à meia noite deste sábado, saiu o resultado e o protesto foi indeferido. Ou seja, é legal. E como nesta sexta-feira, os Flechas Negras conseguiram os dois primeiros tempos, com a concorrência a meio segundo, parece que iremos ver mais do mesmo: dominio.
Seria isso que iríamos ver neste sábado?
O que interessava, primeiro que tudo, é que o tempo estava bom nas montanhas. Depois dos primeiros carros a circular fazerem os seus tempos, o primeiro a marcar algo relevante foi Lance Stroll, com 1.04,678, no seu Racing Point, mas depois apareceu Max Verstappen para marcar 1.04,326. LOgo a seguir, Hamilton marcou um tempo 0,1 segundos mais lento.
No fundo da grelha, os dois Williams, o Alfa Romeo Sauber do Kimi Raikkonen e os Haas de Romain Grosjean e Kevin Magnussen com dificuldades.
Pouco dpeois, Stroll voltou a mostrar-se, fazendo 1.04,329, mas sabia-se que logo a seguir, a concorrência reagiria, com Max Verstappen a terminar a Q1 com 1.04,024. Atrás, George Russell lá melhorou o seu tempo, mas não conseguiu passar (ficou a 37 centésimos!). E ele faria companhia a Nicholas Latifi, seu companheiro de equipa, aos Alfa Romeo Sauber de Kimi Raikkonen e Antonio Giovinazzi, e ao Haas de Kevin Magnussen.
Mas pelos vistos, o pelotão do meio estava mesmo bem equilibrado: 13 dos 20 carros chegaram a estar no mesmo segundo.
De volta a ação, depois de alguns minutos onde se trocaram de pneus e verificaram sistemas, na Q2, e logo a Mercedes entrou a matar: 1.03,325 para Hamilton, 1.03.530 para Bottas. Parecia que tudo o que tinha acontecido antes fora um mero aquecimento...
Depois deles, Lando Norris e Lance Stroll, e os Ferrari como "quarta força": Leclerc estava a 0,7 segundos, Vettel a um segundo exato. E parecia que não iam melhorar porque na fase final.. Vettel caiu para o 11º posto, um lugar de fora da Q3. Os beneficiados? Os McLaren, especialmente Lando Norris. E Charles Leclerc não ficou muito atrás: apenas 10º. Nuvens negras pairam sobre Maranello, agora... e eles querem três corridas no calendário. Vergonha tripla?
Ah! Vettel faz companhia aos Alpha Tauri de Pierre Gasly e Daniil Kvyat, O Renault de Esteban Ocon e o Haas de Romain Grosjean. E claro, na Q3 estão os Mercedes, Red Bull, McLaren, Racing Point, o Renault de Daniel Ricciardo e o Ferrari de Charles Leclerc.
Chegados à Q3, era o duelo entre os Mercedes e os Red Bull, com Bottas a começar a abrir as hostilidades com 1.02,929. Hamilton era segundo, seguido por Verstappen e Albon. Norris, Ricciardo e Stroll não marcavam tempo até aos cinco minutos finais.
Na parte final, Bottas sai da pista e receava-se que o primeiro posto iria para Hamilton. Mas o britânico não conseguiu e o finlandês iria ser o primeiro "poleman" de 2020. Max Verstappen era o terceiro, na frente do McLaren de Lando Norris, com Alex Albon e Sergio Perez a fecharem a terceira fila. Charles Leclerc era apenas o sétimo, na frente de Carlos Sainz Jr, Lance Stroll e Daniel Ricciardo.
E foi assim a primeira qualificação do ano, uma temporada que promete ser estranha, muito estranha. Pelo menos no ambiente porque em termos de pista, parece tudo na mesma. E quando se fala de ambiente, bastou ver o que fizeram depois da qualificação: um pódio, no meio da pista, e cada um à sua vez, respondiam às perguntas do porta-voz. Amanhã veremos se haverá dobradinha ou não dos Flechas Negras na corrida. E outras coisas mais.
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