Duas corridas na Áustria, agora uma na Hungria. Numa temporada compactada do qual ainda nem sabemos o calendário completo, pois as circunstâncias assim nos obrigam, a corrida húngara acontecia em mais um circuito vazio - e a FOM perde 20 milhões de dólares por cada corrida, um pouco como o Concorda quando voava - o fim de semana chuvoso parecia que iria ser mito emocionante e imprevisível. E a pouco mais de meia hora do inicio da prova, a chuva estava a bater forte e feio nos arredores de Budapeste, colocando tudo em dúvida.
E isso era assim quando as coisas pareciam ir "bem" para Max Verstappen, pois a caminho da grelha, bateu na barreira de pneus devido ao estado da pista, e foi para o lugar rezando que que os engenheiros pudessem fazer um bom trabalho no seu carro. Lá conseguiram, a custo e a tempo.
Na altura do arranque, a pista começava a secar em alguns sítios, mas quando as luzes se apagaram. Hamilton foi-se embora, enquanto Bottas ficava para trás, engolido pelo pelotão. Leclerc também era engolido pelo pelotão, mas não houve incidentes de maior, numa altura em que no final da primeira volta, Hamilton tinha já um avanço de... cinco segundos. E na volta três, já tinha oito segundo de vantagem para Lance Stroll.
Pouco depois, os pilotos foram trocar de pneus para seco, onde com cuidado, tentavam transitar entre os poços de água. Houve quem tenha feito tudo bem, e outros, como Carlos Sainz Jr e Nicholas Lattifi, as coisas correram mal, com toques a estragar as suas corridas. Ao fim de 15 voltas, passadas as trocas de pneus, Hamilton tinha uma vantagem de dez segundo sobre Max Verstappen e 14 sobre... Kevin Magnussen! Que agora estava a ser pressioando por Lance Stroll, que conseguiu passar.
Nesta altura, o boletim meteorológico dizia que poderia voltar a chover dentro de dez minutos. Na volta 17, Pierre Gasly torna-se no primeiro piloto a retirar-se, vitima de um motor pifado. Na pista, Valtteri Bottas era agora quarto, apanhando Stroll, enquanto atrás, Leclerc era passado por Albon e pressionado por Vettel, pelo... oitavo posto. Na volta 21, Leclerc ia às boxes com um dos pneus com mau aspecto, caindo cada vez mais fundo no pelotão.
A partir daqui, as coisas pareciam ver duas corridas: a de Lewis Hamilton e a dos outros. Isolado a seu ritmo, poderia queixar-se dos pneis que fazia a volta mais rápida na mesma, enquanto Max Verstappen era outro isolado, na sua corrida, na frente de Lance Stroll e Valtteri Bottas, que estavam um atrás do outro, mas sem que o finlandês tentasse a sua chance.
A meio da corrida, na volta 34, Bottas foi às boxes para trocar de novo para médios, contrariando alguns pilotos que metiam duros para a prova. Duas voltas depois, Lance Stroll trocou para duros, caindo para quarto, precisamente numa altura em que alguns pingos de chuva começavam a cair na pista. Hamilton trocou de pneus na volta 37, para colocar médios e arriscando, porque a pista ainda estava transitável.
No resto da corrida, Bottas tentou apanhar Verstappen para ver se chegava ao segundo posto e fazer nova dobradinha da Mercedes na temporada. Mas como não conseguiu, na volta 50, trocou para duros, no sentido de chegar até ao fim, e provavelmente para estar na melhor posição para passar Verstappen mais tarde. Lá se aproximou, mas não foi o suficiente. Na frente, a dez voltas do fim, Hamilton deu uma volta a Vettel, que na altura era... quinto. E ameaçado por Alex Albon, que acabou por o passar perto do final.
E depois de quase duas horas de prova sem grande história, Lewis Hamilton venceu opela 86ª vez na carreira e ainda por cima com "Grand Chelem", ou seja, para além da pole, volta mais rápida e o lugar mais alto do pódio, esteve em primeiro da primeira até à volta final, sem se incomodado. Está a apenas um de igualar Jim Clark nesse número completo. E tudo isto está a mostrar que independemente da situação, estamos a ver um carro e um piloto fora da galáxia há muito, muito tempo. E provavelmente, ficará por algum tempo mais.
Agora, são duas semanas até Silverstone, para a primeira de duas corridas em solo britânico.
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