sábado, 9 de janeiro de 2021

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A história de Pat Patrick começa cedo, no Michigan. Nascido no Indiana em 1929, foi para trabalhar numa firma no campo do petróleo como contabilista. Aprendendo o oficio, decidiu estabelecer-se por conta própria, montando a Patrick Petroleum, tentando descobrir uma jazida. Depois de 19 tentativas, ele conseguiu atingir o "Jackpot" e enriqueceu com o feito. Tudo isto antes de chegar aos 35 anos. 

Pouco depois, em 1967 Walt Michner, um dos seus conhecimentos no meio, decidiu correr no automobilismo e precisara de patrocinador. Patrick acedeu ao apelo e começou a gostar da adrenalina das boxes e do paddock. Três anos depois, em 1970, torna-se co-proprietário e arranjou força suficiente para dar o nome de Patrick Racing, ainda em colaboração com LeRoy Scott, seu parceiro de negócios. A sua maneira de administrar as coisas ajudou ao sucesso da sua equipa, da mesma forma que a sua firma se tornou uma das melhores do ramo, pois a sua sagacidade e a capacidade de contratar as pessoas certas nos lugares certos levou ao sucesso.

Entrou nas 500 Milhas de Indianápolis pela primeira e em 1970, com Mike Shaw como piloto. Ele não conseguiu se qualificar, mas aprendeu com aquela experiência. Nos anos seguintes, arranjou um chassis Eagle e contratou Johnny Rutheford para guiar o carro. E o sucesso em Inianápolis aconteceu na infame edição de 1973 - as 72 Horas de Indianápolis, com acidentes e adiamentos por causa do mau tempo - com Gordon Johncock, porque entretanto, Rutheford foi para a McLaren. 

Em 1975, Patrick decidiu construir o seu próprio chassis. Chamou-o de "Wildcat" (algo como gato selvagem) e teve sucesso quase de imediato, quando, ainda com Johncock ao volante, foi segundo classificado nas 500 Milhas e ganhou uma corrida na oval de Trenton. No ano seguinte, foi campeão da USAC, e quatro anos depois, ele, em conjunto com Roger Penske e Dan Gurney, decidiram fundar a sua própria série, a CART, Championship Auto Racing Teams. Claro, não foi pacifico: dois anos de guerras entre a USAC e a CART quase destruiu a competição.  

Em 1982, ainda com Johncock, voltou a comemorar a vitória no "Brickyard", e aquele triunfo no "photo finish" perante o Penske de Rick Mears, numa proba marcada por um bizarro incidente na partida onde Kevin Cogan conseguiu derrubar A.J. Foyt e Mário Andretti na última volta de aquecimento da corrida, em plena reta da meta. Mas acima de tudo, aquele triunfo foi uma espécie de vingança sobre os eventos do ano anterior, quando o seu carro, então guiado por Mário Andretti, cruzou a meta no primeiro lugar, mas foi contestado pelo Penske guiado por Bobby Unser, porque aparentemente, ele tinha passado diversos carros na saída das boxes debaixo de bandeira amarela. As coisas chegaram ao ponto de briga, mas no final, foi considerado que Unser tinha sido vencedor e a manobra contestada acabou por ser legal.

Em 1985, Patrick acolhe um estrangeiro com palmarés: Emerson Fittipaldi. Depois de ter fechado a loja na Formula 1, ainda por cima com o fim da aventura da Copersucar-Fittipaldi, o piloto brasileiro era um bom ativo numa competição eminentemente americana, cheia de veteranos. Tinha deixado de construir os seus próprios chassis, andava primeiro com March e no final da década, com Penskes. O brasileiro começou a triunfar a partir de 1985, e a ser um dos melhores pilotos do pelotão.

Em 1989, Patrick tinha 60 anos e queria reformar-se. Tinha vendido parte das operações a um ex-piloto, Chip Ganassi, e andava com os chassis da Penske naquela temporada em troca do contrato de Emerson, e o contrato de patrocínio com a Marlboro colocava o conjunto como um dos favoritos. A corrida foi excitante, com Al Unser Jr, num Penske, contra o brasileiro a dominar em boa parte da corrida. Tudo acabou na curva 3, na 199ª passagem pela meta, com ambos os carros a tocarem-se e Al Unser Jr. a levar a pior parte. Para Emerson, era a primeira vitória de sempre de um brasileiro e a de um estrangeiro desde Graham Hill, em 1966.

Três vezes triunfador, Patrick saiu de cena à sua maneira, marcando uma era no automobilismo americano. Mas regressou pouco depois, ajudando o projeto da Alfa Romeo, sem resultados, e vendendo a estrutura para Bobby Rahal. Mas em 1997, com o apoio da marca de cervejas Brahma, regressou com pilotos como Raul Boesel, Scott Pruett, Roberto Moreno e o mexicano Adrian Fernandez. No ano 2000, triunfaram em três corridas e foram terceiros no campeonato, mas depois disso, a decadência foi inevitável. Ficaram na ChampCar até 2004, e depois de se transferirem para a IRL, fechou as suas operações no final de 2006, não mais regressando à ribalta.  

Mudou-se para o Arizona, foi gozar a reforma. Morreu no passado dia 5, aos 91 anos, não sem antes, em 2018, ser nomeado para o Motorsports Hall of Fame of America. Marcou uma geração no automobilismo americano, o que não é mau para quem acertou na fortuna na 19ª tentativa. Ars lunga, vita brevis, Pat.

3 comentários:

  1. Ola,

    Uma breve correção, Al Unser corria com chassis Lola em 1989.

    Grato,
    Antonio Manoel

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  2. Só corrigindo: 1989 Al Unser Jr corria pela equipe Galles com chassi March

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  3. A equipe Patrick regressou em 1995 com o apoio da Firestone depois de um ano de testes, com Scott Pruet.

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