sábado, 20 de fevereiro de 2021

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Durante boa parte da sua carreira, o nome de Chris Craft está ligado a outro, o de Alain de Cadenet. Este piloto foi também construtor, especialmente nos anos 70 e 80, para participar nas 24 Horas de Le Mans, participando em onze ocasiões, o melhor dos quais na edição de 1976, onde ambos acabaram na terceira posição da geral, num carro parcialmente projetado pelo próprio De Cadenet, partindo como base um Lola.

Nesse ano, com muitos olhos para o duelo entre a Porsche e a Alpine-Renault, que tinham as suas máquinas de Grupo 5 (936 Turbo contra o A441 Turbo), e ainda havia os Mirage, o carro de De Cadenet era uma curiosidade bem vista, porque o bólido, proveniente do modelo T280, alcançava 320 por hora na reta da Hunaudriéres. Décimo na qualificação, a corrida aproveitou bem os problemas dos carros oficiais para ir subindo na classificação geral, numa das provas mais quentes de sempre em termos de temperatura. E pelas nove da noite, um drama quando o Datsun 260Z que era guiado por André Haller, bateu forte nos rails em Mulsanne e pegou fogo. Apesar do socorro, Haller morreu pouco depois devido às lesões graves no torax.

Contudo, imunes ao drama, Craft e De Cadenet subiam na clssificação e resistiam aos problemas dos carros oficiais. Nenhum Alpine corria depois da 11ª hora, e dos Porsche, o resistente acabou por ser o 936 guiado pela dupla belgo-holandesa constituída por Jacky Ickx e Gijs van Lennep. E tirando um problema numa das porcas da roda, no qual fizeram perder oito minutos na corrida, o resto foi um quase paraíso, acabando a prova no lugar mais baixo do pódio, provavelmente, um dos grandes feitos desta dupla de pilotos. E poderiam ter conseguido mais, se o Mirage dos franceses Jean-Louis Lafosse e Francois Migault tivessem perdido mais tempo quando a sua cobertura voou na pista e eles tentaram fazer as devidas reparações para chegar ao final.

As 24 Horas de Le Mans de 1976 foram um dos grandes feitos de Chris Craft. Nascido a 17 de Novembro de 1939 na Cornualha, começou a correr em 1962 num Ford Anglia, e em 1968, quando corrida num Tecno de Formula 3, conheceu De Cadenet, o filho de um aviador francês que combateu na RAF na II Guerra Mundial e de uma britânica. O dinheiro que tinha para as suas aventuras automobilísticas serviu perfeitamente para que Craft tenha corrido em turismos, na Endurance - venceu em Vila Real, em 1969, num Porsche 908 - e em 1971, nas corridas americanas da temporada da Formula 1 desse ano, a bordo de um Brabham inscrito por De Cadenet.  

Craft correu até meados da década de 80, e depois decidiu criar a Light Car Company, palco de uma das criações de Gordon Murray: o Rocket.

Craft, um dos pilotos que ajudou a pintar os pelotões do automobilismo por duas décadas, morreu hoje aos 81 anos. 

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