sexta-feira, 14 de maio de 2021

A imagem do dia


Passam-se hoje 35 anos sobre o acidente mortal de Elio de Angelis, numa sessão de testes no circuito de Paul Ricard, poucos dias depois do GP do Mónaco desse ano. Uma sessão do qual nem era ele que deveria ter ido. Inicialmente, quem iria fazer esse teste seria Ricciardo Patrese, com De Angelis a pedir para fazer os desenvolvimentos no seu lugar porque estava insatisfeito com o desenvolvimento de um Brabham BT55 que tinha sido, aparentemente, demasiado radical para o motor que tinham.

Mas neste dia em que se recorda um dos últimos "cavalheiros" do automobilismo, não queria falar sobre o seu acidente mortal e os perigos deste tipo de acidente numa altura em que eram poucos os comissários que estavam na pista naquele dia - foram alguns pilotos que ajudaram a levantar o carro acidentado e a tirar o piloto do cockpit - mas lembrar o dia em que Patrese e De Angelis foram rivais... e deram cabo um do outro.

Recuemos até 25 de setembro de 1983, para Brands Hatch, o palco do GP da Europa. Para o italiano, era uma temporada bem frustrante, com a Lotus a lutar na sua transição para o motor Turbo, e ainda a sofrer com a partida prematura de Colin Chapman, dez meses antes. Enquanto Nigel Mansell tinha conseguido algumas corridas muito boas, como o quarto posto no GP da Grã-Bretanha, em Silverstone, com o 94T, De Angelis apenas tinha conseguido pontuar em Monza, com um quinto posto. Mas em Brands Hatch, o italiano teve um grande fim de semana, ao conseguir a "pole-position", a primeira da marca na era turbo, e a primeira desde 1978, e a primeira da sua carreira - iria ter mais duas, no GP do Brasil de 1984 e no GP do Canadá de 1985. 

E espalhados nas duas filas estavam a Lotus e a Brabham, que por esta altura, já usava a tal gasolina que estava no limite da octanagem, para apanhar o Renault de Alain Prost...

De Angelis achava que essa corrida poderia ser a redenção da sua temporada frustrada, mas claro, o perigo de atrapalhar nos planos da Brabham era real. Mas como Patrese era o segundo e largava a seu lado, até poderia ser uma ótima lebre para o resto. 

E foi o que aconteceu: Patrese largou bem e tentou afastar-se do pelotão, com De Angelis atrás, enquanto Piquet era terceiro, depois de se livrar de Mansell. Nas onze voltas seguintes, o italiano da Lotus tentava não perder de vista o seu compatriota da Brabham, no intuito de recuperar a liderança perdida. Contudo, quando ambos passavam pela curva Surtees, De Angelis tentou a sua sorte quando viu o que parecia ser uma abertura para passar Patrese. As coisas correram mal para ambos, acabando por bater e rodar, cada um para o seu lado. Piquet assumiu calmamente a liderança, com Patrese a cair para terceiro na frente de Prost. Mas os estragos fizeram-no perder posições, sendo passado por Alain Prost, enquanto De Angelis, que queria recuperar o tempo perdido, rolava em sétimo, mas o motor Renault decidiu ceder no final da 11ª volta, acabando prematuramente a sua prova.

A corrida, como viram, não durou muito para ele (a propósito, Piquet venceu, na frente de Prost e Mansell), mas o que se viu ali foi um De Angelis agressivo, procurando pela vitória, algo do qual não era muito conhecido por isso. Ele era mais do género esperar até que as coisas caíssem pelos erros ou azares os outros, e era altamente regular, tanto que no ano seguinte, ele foi terceiro classificado, sem vencer qualquer corrida. Sempre regular na pista, e um cavalheiro fora dela, o seu final trágico ajudou no final de uma era na Formula 1, já que os motores turbo acabariam por ser abolidos no final de 1988.

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