domingo, 2 de maio de 2021

Formula 1 2021 - Ronda 3, Portugal (Corrida)


Terceira corrida do ano, segunda na Europa. A primavera está ali para ficar em terras algarvias, mas depois do que se observou na qualificação, parece que a Mercedes tem tudo para arrasar. Pelo menos, para aqueles que torcem pela Mercedes. Porque para o outro lado, o que se observou foi o equilíbrio entre duas forças, e ambos com capacidade de triunfar, se a concorrência não estiver no seu dia.

Ontem esperava-se que Lewis Hamilton alcançasse a sua centésima pole-position, inédito na história da Formula 1, mas quem o impediu não foi Max Verstappen, mas sim Valtteri Bottas, seu companheiro de equipa. Mas a diferença foi mínima, neste mundo de mínimos automobilísticos: sete milésimos de segundo. Meia dúzia de centímetros, se formos medir a distância. Mas é assim que o automobilismo é medido. 

O grande desgosto deste final de semana português é a corrida ser sem espectadores. Aliás, é essa a norma em 2021: nenhuma prova do ano até agora tem tido gente a assistir ao vivo. E provavelmente, isso só será quebrado no Mónaco, porque a corrida espanhola, daqui a uma semana, também não terá espectadores. Só que, ironicamente, a corrida acontece no fim de semana em que o país deixa de estar debaixo do estado de emergência. Acontece. 

Nos minutos que antecederam a corrida, o sol brilhava, mas o vento fazia a sua aparição. É típico da primavera por estas bandas, mas eles nunca correram nestas condições e tinham a consciência de que isto iria ser difícil. 


E foi o que aconteceu na partida. Se Bottas aguentou Hamilton, os Red Bull e o Ferrari de Sainz Jr,, atrás, os Alfa Romeo causavam confusão, com Raikkonen a ser o mais prejudicado. O finlandês acabou ali a sua corrida e os destroços foram os suficientes para a entrada do Safety Car para tirar os destroços do local. As coisas ficaram assim até à sexta volta, quando no recomeço, Bottas manteve a liderança, e Verstappen passou Hamilton para ser segundo. Atrás, Norris conseguiu passar Sainz e ficava com o quarto posto, e pelo meio do pelotão, Russell perdia lugares atrás de lugares. Em duas voltas caia para 14ª, passado por Lance Stroll.

Nas voltas seguintes, Verstappen começava a colar-se à traseira de Bottas, esperando que aproveitasse e passasse o finlandês, enquanto Hamilton ficava para trás, mas não muito, provavelmente para poupar os pneus que tinha calçados, mas esses três afastavam-se cada vez mais de Norris, o quarto. Que por sua vez, está a ser pressionado por Sergio Perez. Mais atrás, os Ferrari ficaam quietos em sexto e sétimo, e Ricciardo subia posições atrás de posições, para ver se chegava o mais rapidamente possível aos pontos.


Mas depois, Hamilton começou a atacar. Primeiro, passou o holandês, e depois começou a aproximar-se do finlandês, até que no inicio da volta 20, ele conseguiu passar Bottas para ser o primeiro no final da reta, ainda por cima, por fora. Adiante, Verstappen via-os da primeira fila, e começou a pressionar o finlandês para ver se ficava com o segundo posto. Mas ao mesmo tempo, havia as primeiras trocas de pneus, com gente ora a colocar duros - Ocon, Giovinazzi e Tsunoda - ora a colocar médios.   

Na frente, o holandês da Red Bull tentava passar Bottas o mais rapidamente possível para evitar que Hamilton não se fosse embora, mas o finlandês se armava em Goose para proteger Maverick, num Top Gun de todos os Grandes Prémios desde que os dois estão juntos, lá para 2017... mas já estavamos quase a meio da corrida e eles ainda não tinham trocado de pneus. 

Apenas na 35ª passagem pela meta é que Max passa pelas boxes para colocar duros. Regressou à pista com ar limpo e tempo para recuperar, enquanto Bottas parou na volta seguinte, para voltar na frente do holandês, mas ele atacou de imediato o segundo piloto da Mercedes para ficar com o segundo posto. E quase a seguir, Hamilton também parou, para colocar duros, reagindo à ultrapassagem de Max sobre Bottas. Ele saiu na frente, mas nenhum deles estava muito longe um do outro. Mas na frente, com médios, estava Sergio Perez, querendo colecionar umas voltas na frente o mais possível.

Mais alguns minutos da corrida e podia-se ver que Hamilton poderá ter feito uma melhor gestão com estes duros - são usados, ao contrário dos de Verstappen, que eram novos - e ele conseguia ser o mais veloz em pista. Ele tentava apanhar Perez, que sabia gerir os seus pneus médios, para ver se colocava moles para a parte final e tentar um brilharete. E foi o que fez na volta 51, depois do Nikita Mazepin, que estava a perder uma volta, decidiu complicar as coisas e fechar a porta ao mexicano.

Com Hamilton de novo na frente, e com Max cerca de cinco segundos atrás, parecia que havia circuitos onde os Flechas Negras são muito bons, e noutras, a Red Bull será a melhor. Mas nesta tarde, a corrida era para os alemães. E tanto que nas duas voltas finais, Bottas volta às boxes para colocar moles e tentar a Volta Mais Rápida. Mas Verstappen tentou a mesma tática, indo também trocar para moles e ver se ficava com o ponto extra. 

No final, o holandês teria levado a melhor... se mantivesse o carro dentro dos limites da pista. Mas como não aconteceu, a sua tentativa foi apagada e o ponto extra foi para Bottas. Mas não apaga o facto do finlandês não passar de um secundário na equipa mais vencedora da Formula 1.

Mas na frente, sem ser incomodado, Lewis Hamilton era o vencedor do Grande Prémio, e claro, saindo dali cada vez mais líder do campeonato, num pódio que aparentemente, bateu um recorde: é o mais repetido da história da Formula 1, são 17 vezes que esta tripla vai ao pódio, nesta ordem. Perez acaba em quarto, o melhor resultado possível, na frente do resto do pelotão, liderado por Lando Norris, que fez uma corrida tranquila e foi quinto, na frente de Leclerc, Ocon, Alonso, Ricciardo e Gasly.


E pronto, assim se passou uma tarde de primavera no sul de Portugal, em pleno Dia da Mãe. Não foi deslumbrante, mas não foi assim tão chato. Apenas previsível.  

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