Primeiro, os regulamentos destas corridas sprint:
Durarão entre 25 e 30 minutos, terão cerca de cem quilómetros de extensão, um terço das atuais corridas, e a grelha para a corrida sprint será decidida na qualificação, que nesses fins de semana ocorrerá na sexta-feira. Já a ordem de chegada na corrida sprint, será a ordem da grelha da corrida principal de domingo, com os três primeiros classificados a receberem pontos conforme a sua posição: três para o vencedor, dois para o segundo e um para o terceiro. Não haverá pódio, os troféus serão recebidos nas boxes.
Não há pit stop obrigatório nem limite de combustível, os pneus serão o composto mais rápido na Q2 cai durante todo o fim de semana.
Em termos de opções de compostos, cada piloto terá dois jogos de pneus duros, quatro médios e seis macios – o que significa mais um jogo de médios e menos dois de macios. No total, são doze jogos de pneus slicks, ao contrário dos normais treze. Durante a qualificação de sexta-feira, apenas o composto macio da Pirelli pode ser utilizado.
Caso o piloto desista nessa corrida sprint, partirá do fundo da grelha, e acabada a corrida, o carro ficará em parque fechado, e quaisquer alterações na suspensão e aerodinâmica são proibidas.
Uma coisa é certa: a Formula 1 pertence agora a um conglomerado americano, a Librty Media. E os americanos adoram dar relevância ao espetáculo do que à substância, e sabem que, por muito tempo, a competição ficou estática, o que fez com que muita gente aceitasse as regras do jogo tal como elas são e resistam à mudança. Ainda hoje temos os que não são muito fãs do atual sistema de pontuação, que já tem onze anos de vida. Contudo, reconhece-se que as corridas sprint, algo com cem quilómetros de extensão, sem direito a paragens nas boxes e definidor da grelha de partida no domingo, com pontos para aqueles que chegam ao pódio, vai causar uma mudança com potencial para ser disruptivo.
E que até é bom, mas podem acolher outro problema.
Explico: a Liberty sempre pensou num calendário com um máximo de 25 corridas, ou seja, uma prova a cada duas semanas, de janeiro a dezembro. E se para o espectador, quantos mais, melhor, para os que andam dentro dessa caravana, é um stress total. A ideia de andar entre 150 e 200 dias fora de casa não é bom para mecânicos, engenheiros e outros, e nem falo dos pilotos. E é uma profissão de degaste rápido, o que implica que ao fim de quatro ou cinco anos, muitos queiram sair dali e irem trabalhar para outros lados. Viajar pelo mundo, com um percurso apenas hotel-circuito-hotel, arrumando caixas e caixas num domingo á noite ou segunda de manhã, para na quarta-feira estar num lugar seis ou oito mil quilómetros distante, desarrumar tudo para três dias de ação, e na segunda de manhã tudo arrumar porque no domingo que vêm, mais ação num outro lugar. É verdade que a Europa é relativamente pequena, e fazer "triple headers" até pode ser relativamente fácil, mas é agora, no contexto da pandemia. Mas acrescentar algo mais no fim de semana da competição pode ser um stress maior para todos aqueles que fazem disto profissão.
E ainda não estamos no posto de algumas categorias, que fazem jornadas duplas, onde os pilotos correm com 50 pontos em jogo. Imaginem que tivesse sido isso aprovado e poderíamos andar a ver uma temporada com quase meia centena de corridas. Mais de 750 pontos em jogo. Eram capazes de assistir a isso tudo?
Agora, é esperar por sábado para ver esta experiência. E depois, ver isto repetido em setembro, em Monza, e em novembro, provavelmente em Interlagos.
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