quinta-feira, 16 de setembro de 2021

A imagem do dia


Há vinte anos que a Williams conseguia um triunfo simbólico, numa temporada que regressava de uma travessia do deserto, desde o GP do Luxemburgo de 1997, com Jacques Villeneuve. Nesse período de tempo, viu a concorrência agigantar-se, primeiro a McLaren, e agora, a Ferrari. Relegado a uma espécie de terceira força, onde chegou a ver Jordan e Stewart a celebrar triunfos nesta travessia do deserto, quando assinaram com a BMW para lhes dar motores e começarem a correr no ano 2000, havia esperança de que os bons dias pudessem estar à esquina. E foi o que aconteceu em Imola, quando Ralf Schumacher conseguiu o triunfo - repetida em Hockenheim - mostrando que a combinação tinha sido a acertada. Pelo meio, passaram por lá gente como Alessandro Zanardi e Jenson Button, o primeiro vindo da América e foi uma desilusão total, o segundo, um jovem que se estreava muito cedo na competição, aos 20 anos de idade.

Mas se tinham uma boa combinação, faltava o piloto carismático para iluminá-lo. E curiosamente, tiveram-no desde sempre. Apenas teve de ir para o outro lado do Atlântico para se mostrar. O colombiano Juan Pablo Montoya tinha sido piloto de testes da marca, antes de, no final de 1998, ter ido para os Estados Unidos, em troca da contratação de Zanardi. A troca correu bem... para a Chip Ganassi, a equipa americana, pois ele foi campeão logo na temporada de estreia - o último "rookie" campeão tinha sido Nigel Mansell, em 1993 - e no ano seguinte, conseguiu a vitória nas 500 Milhas de Indianápolis, à primeira tentativa. 

Com as credenciais mostradas nos "States", Montoya chegou à Europa com vontade de mostrar, E logo na corrida do Brasil, em Interlagos, aquela manobra na volta 3 da corrida, a ultrapassagem no "S" de Senna a Michael Schumacher, o piloto que todos queriam superar, mas poucos conseguiam. O único que impôs respeito tinha sido Mika Hakkinen. 

E ali  ele ia a caminho a vitória... se o Jos Verstappen não o tivesse abalroado na sua traseira. 

Mas mostrou que era capaz. E poucos meses depois, em Monza, dominou. E certo que os acontecimentos de uns dias antes poderão ter afetado muita gente, e que o título já estava decidido há muito a favor de Schumacher. Mas naquele final de semana, Montoya esteve perfeito. Aliás, foi a única corrida onde o alemão ficou fora do pódio sem ser por alguma avaria mecânica ou saída de pista. Simplesmente, não esteve lá. O colombiano mostrou a todos que, num dia bom, ele tinha estofo de campeão. E claro, fez história, ao ser o quarto piloto de um país da América Latina a ir ao lugar mais alto do pódio, e o primeiro colombiano.

O resto é sabido. Agora, muitos dizem que ele era provavelmente um dos pilotos que peitou o alemão. Mas a falta de consistência evitou mais altos voos. Contudo, naquele dia de setembro, mostrou finalmente os seus galões.

2 comentários:

  1. Apenas uma correção: a Williams tinha vencido com Ralf Schumacher em 2001 em Ímola e Montreal.

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  2. Sim, eu falo sobre isso nas primeiras linhas, com a vitória do Ralf em Imola.

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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...