Contudo, a certa altura, as coisas foram bem diferentes. Como vi na terça-feira no Twitter do jornalista Rayner Nyberg, quando colocou esta fotografia a preto e branco dos treinos de quinta-feira do GP do Mónaco de 1975, com John Watson a correr propaganda politica nos flancos do seu Surtees. Mas é o Brexit, mais de quarenta anos antes? Não. Mas é uma história que vale a pena ser contada.
Em 1975, o Reino Unido estava na então Comunidade Económica Europeia desde 1973, entrando ao mesmo tempo que a Dinamarca e a Irlanda, mas havia os hostis a esta entrada. E para calar os rebeldes, o então primeiro-ministro, Harold Wilson, decide marcar um referendo para o dia 8 de junho de 1975, o primeiro de sempre da história da milenária nação. E claro, por alturas do GP monegasco, quatro semanas antes da data da consulta popular, a campanha estava ao rubro.
A Surtees já estava na sua sexta temporada, e as suas operações tinham sido reduzidas a um carro oficial, e alguns chassis a serem comprados por privados para serem usados. John Surtees aproveitava todas as ocasiões para alugar o espaço que tinha nos seus carros, e a campanha eleitoral tinha de entrar no pelotão da Formula 1. Afinal de contas, falamos de alguém que no ano seguinte, irá dar espaço para uma marca de preservativos - camisinhas - e obrigar a BBC a fazer um boicote às transmissões televisivas.
O carro apareceu com o apelo na sexta-feira, mas durou pouco tempo. A FISA não achou piada alguma com mensagens politicas e foi ter com a Surtees para que tirassem o apelo dos flancos e andassem o resto do final de semana sem nada escrito. Watson qualificou-se na 16ª posição e desistiu na volta 36, vitima de despiste, num ano desastroso para a equipa, pois conseguiram zero pontos...
E o referendo? O "sim" ganhou com folga, 67 por cento de "sins" contra 32 por cento de votos pela saída da organização, e com 64 por cento de votantes. E ali, trabalhistas e conservadores apoiaram o "sim"...
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