sábado, 22 de janeiro de 2022

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Há precisamente 40 anos, a Formula 1 começava a sua temporada em terras sul-africanas, e pelo segundo ano seguido... começava com polémica. Porque pela primeira vez na sua história... havia uma greve de pilotos. E claro, as chances de perigar o campeonato eram grandes. 

Mas como as pessoas viam um grupo de pilotos juntos num quarto de hotel, com colchões, e jurando não sair ali enquanto o problema não fosse resolvido? E Jean-Marie Balestre a levar pedados de pão na cara, vindas das mulheres e namoradas dos pilotos?

Para explicar esta história, temos de falar de um regressado: Niki Lauda. Regressado à Formula 1 depois de três temporadas de ausência, agora na McLaren, soube que, para ter a sua Superlicença, Teria de cumprir alguns critérios que considerou como... "abusivas". Por exemplo, se o piloto fosse despedido da equipa antes do final da temporada, não poderia correr mais. E pior: os pilotos tinham de ficar pela mesma equipa por, pelo menos, três temporadas. Ora, para ele, estas clausulas eram abusivas e falou com o presidente do Grand Prix Drivers Association, Didier Pironi.

Para piorar as coisas, Balestre apareceu na quarta-feira antes do Grande Prémio e obrigou os pilotos a assinarem o acordo, sob pena de não poderem correr logo de imediato. E havia mais cláusulas abusivas: organizadores, equipas e autoridades ligadas ao automobilismo estariam livres de quaisquer responsabilidade em caso de acidentes. 

Irritados, Lauda juntou os pilotos e fretou um autocarro para os levar para o Sunnyside Hotel, e a greve começava. As tensões aumentavam com o passar das horas, especialmente quando na sexta-feira, ninguém - as excepções foram Teo Fabi, da Toleman - foi à pista correr. Estavam fechados num enorme salão, com colchões de casal, e os pilotos dormiriam juntos, como se fosse uma casamata. E as saídas estavam fechadas, para evitar deserções. Fora, os jornalistas estavam ocupados com tudo isto, com Didier Pironi a andar de um lado e do outro para comunicar as suas intenções, e os organizadores estavam zangados. Ainda por cima, um ano depois da "corrida-pirata", vitima da guerra FOCA-FISA, quando Ecclestone quis organizar um campeonato paralelo. E enquanto tudo isto acontecia, Balestre, que nunca foi flor que se cheire, sentia a hostilidade de todos, até das pessoas mais insuspeitas do pelotão... 

Com Elio de Angelis a praticar o piano, e Gilles Villeneuve a entreter os seus companheiros, nos bastidores, ambas as partes chegavam a acordo no inicio de sábado: a FISA deixava cair as suas clausulas abusivas, e pagariam uma multa, e poderiam correr. Satisfeitos, eles foram fazer uma sessão de qualificação e a corrida prosseguiu, com o triunfo de Alain Prost, depois deste perder uma volta por causa de um furo no seu Renault. 

Mas sobre isso, falaremos amanhã. Agora que sabemos da história deste campeonato, pode-se dizer que este foi o começo agitado de um campeonato bem mais agitado. 

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