sexta-feira, 18 de março de 2022

A imagem do dia


Falar de momentos da carreira José Carlos Pace - que morreu faz hoje 45 anos num acidente aéreo no estado de São Paulo - muitos falam da sua única vitória na Formula 1, no GP do Brasil de 1975. Contudo, um ano antes, em 1974, o piloto brasileiro fez uma corrida do qual pode ser considerada como meritória, dado o carro que tinha nas suas mãos.

Depois de uma temporada de 1973 onde ele conseguiu um pódio e duas boltas mais rápidas em dois dos circuitos mais complicados e desafiantes do calendário, em Nurburgring, na Alemanha e no agora Red Bull Ring, na Áustria; em 1974, mantinha-se na Surtees como primeiro piloto, num novo carro, o TS16. 

Interlagos era a segunda corrida do calendário, depois de Buenos Aires, na Argentina. O carro tinha-se estreado naquela prova, e na qualificação para a corrida brasileira, Pace conseguiu um mero 12º posto, pior que o seu companheiro de equipa, o alemão Jochen Mass, que fora décimo. 

E estava zangado. Na Folha de São Paulo, soltou o verbo: 

Minha paciência acabou. Desta vez, estou pensando seriamente em romper o contrato com a Surtees. São falhas em cima de falhas e não são minhas não, são da equipe. Que outra explicação eu posso dar? Até o cabo do acelerador quebrou. Assim não dá. Suspensão e pneus também tiveram problemas. Não posso continuar assim”, desabafou.

E as pretensões para a corrida? Aí, foi enfático. “Ainda ontem, tinha gente me apontando como um dos favoritos e com possibilidades até de vencer. Olha, não vai dar não, podem ter certeza que não vai dar”, afirmou.

Mas não baixou os braços. Claro, teve de esperar mais um pouco porque na hora anterior à corrida, os espectadores tinham atirado as garrafas de cerveja para o asfalto e tiveram de limpar, para evitar furos. Pace fez uma corrida de fúria: em três voltas, chegou a sétimo, e esperou pela desistência de Peter Revson para chegar aos pontos. Isso aconteceu na 10ª passagem pela meta. Depois, passou Carlos Reutemann, que tinha problemas nos seus pneus, para ser quinto. E na volta 20, quando Ronnie Peterson teve um furo e foi para as boxes, subiu para a quarta posição.

E mais sorte teve quando começou a chover, e na volta 32, o diretor de corrida decidiu terminar antecipadamente a corrida. Emerson Fittipaldi triunfava de novo, na frente de "Regga" e do Lotus de Jacky Ickx. Pace estava cansado, mas feliz. 

Mas foi sol de pouca dura. Não maios pontuou e a meio do ano, a sua paciência acabou, decidindo ir embora e a partir do GP de França, começou a guiar pela Brabham, a equipa onde ficou para o resto da sua carreira. 

1 comentário:

Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...