Há 40 anos, a Formula 1 via uma corrida com um pelotão encurtado devido a um boicote. Em Imola, apenas 14 carros estavam presentes: as equipas Turbo - Ferrari, Renault, Toleman - e as restantes equipas não britânicas - ATS, Osella, Alfa Romeo - e a Tyrrell, que tinha um patrocinador italiano. Apesar de estar a menor quantidade de carros desde 1969, viu-se uma excelente corrida, com o público, a encher o Autódromo de Imola. Mas os "tiffosi" encheriam aquele circuito, mesmo se só corressem os carros de Maranello.
Foi uma corrida decidida cedo. Os Renault foram para a frente, mas os seus motores explodiram nas primeiras voltas, primeiro com Alain Prost, na volta 6 e depois, René Arnoux, na 44º passagem para a meta. Nessa altura, a 16 giros da meta, os Ferrari estavam sem concorrência, pois Michele Alboreto, o terceiro classificado, estava bem longe. Os Ferrari nos dois primeiros lugares, deu-se a ordem de equipa: debagar, mantenham as suas posições. Ali, Gilles Villeneuve estava na frente de Didier Pironi, e o canadiano julgava que era assim até à meta.
Mas Pironi não quis. Quando soube que as boxes ordenavam aos carros da Ferrari para abrandarem o ritmo, este acelerou e foi para o comando, resultando num duelo inesperado entre eles. Villeneuve alinhou com o jogo, julgando que no final, a vitória seria dele. Mas no inicio da última volta, Pironi acelerou e ficou com a vitória. No pódio, Pironi comemorou, mas Villeneuve estava furioso, porque estava convencido que lhe tinham roubado uma vitória que deveria ser sua.
Mas mais do que furioso, o canadiano sentia-se traído. E ele não admitia atitudes dessas. Sempre foi leal para toda a gente. Aliás, quando três anos antes, ele teve de ceder para Jody Scheckter na luta pelo título, tinham-lhe prometido que da próxima, seria campeão. E ele julgava que era o primeiro piloto, agora que tinham carro para ganhar.
E claro, para ele, Pironi era o traidor, ele era o inimigo. E iria ser o seu alvo. Apesar da Ferrari ter depois criticado o piloto francês pela sua atitude, o mal estava feito: quando Nigel Roebuck, jornalista britânico, ligou para a casa de Gilles, no Mónaco, alguns dias depois de Imola, este sentenciou: "não falo mais com ele outra vez. Agora, é guerra."
O primeiro capitulo desse duelo fratricida iria acontecer em Zolder, na Bélgica, a 9 de maio. Isto... se a Formula 1, entretanto, se salvasse de mais uma crise entre a FISA e a FOCA.
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