terça-feira, 23 de agosto de 2022

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Há 35 anos, no Needles Trophy, na ilha de Wight, Didier Pironi queria triunfar na sua segunda vida como piloto. O "Colibri" era um barco invulgar, por ser feito de fibra de carbono, e com ele, embarcaram na aventura o jornalista Fabien Giroix e o mecânico e amigo Jean-Claude Guenárd. Tinham triunfado na semana anterior na Noruega, algo que foi tão celebrado que Enzo Ferrari lhe mandou um telegrama a dar os parabéns pelo feito. 

Tinha estado quatro anos em reabilitação. A ideia era essa mesma: regressar a um carro de Formula 1 e mostrar que tinha de ser competitivo. No verão anterior, tinha feito testes quer com o AGS, quer com o Ligier, em Paul Ricard e Dijon-Prenois. Contudo, a seguradora avisou-o que tinha avançado com o dinheiro do seguro se ele não fosse mais correr na Formula 1, e disse que tinha de devolver o dinheiro se regressasse à competição.

Com 35 anos, queria regressar à competição. Correr no campeonato "offshore" implicava que o pé afetado não seria trabalhado ou pressionado - não havia um pedal de acelerador, era tudo à mão - e em França, todos seguiam as aventuras do "Colibri". Com a vitória nas paragens norueguesas, ele punha-se na luta pelo título mundial, e o Needles Trophy era tão importante como triunfar num Grande Prémio como em Silverstone ou Monza.

O barco estava na frente, a lutar pela vitória, quando uma onda, provocada aparentemente por um petroleiro, o fez virar de cabeça para baixo, matando-os instantaneamente. Naquele local, a prudência fez abrandar a concorrência, mas eles arriscaram. E o resultado foi o que sabemos.

Para piorar as coisas, seis meses depois, o seu meio-irmão José Dolhem, que também tinha chegado à Formula 1 antes de Didier, em 1974, foi vitima de um acidente aéreo quando ia para uma reunião com potenciais patrocinadores do "Colibri". Ele decidira pilotar o barco no lugar dele. Ambos estão sepultados no cemitério de Saint Tropez.   

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