sexta-feira, 9 de setembro de 2022

A imagem do dia


Ontem à noite, o momento que todos nos avisaram ao longo desta longa tarde de quinta-feira chegou. Ao chegar no final do dia a minha casa, ligo a televisão e apanho o discurso que a Liz Truss provavelmente não pensaria dar, mal chegou ao poder: a da morte de Isabel II, a sua soberana. Dois dias antes, tinha recebido os cumprimentos dela em Balmoral, na Escócia. E foi nesse dia que se tiraram as últimas fotos dela em vida. 

É claro, ao ouvir este discurso, sabíamos estar a a assistir ao final de uma era. Há três gerações que, no Reino Unido e no mundo, que não vimos mais ninguém naquele trono senão ela. A partir de agora, ela passou a história. Não só ela, como o reinado onde viveu. A Era Isabeliana, que durou precisamente 70 anos. Conheço gente - como muitos de vocês, também - que nasceu, viveu e morreu apenas com ela no trono.

Mas ontem, falei da rainha e da família real como amantes de automobilismo, no palco do primeiro GP da história da Fórmula 1, em Silverstone, em 1950. Inicialmente, parecia ser ela no palanque de onde ela e os pais viram os carros a passar pela pista, mas na realidade era a irmã mais nova, a rainha Margarida, falecida há 20 anos. Hoje, é real: meti-a ao volante de um carro. Adorava conduzir. E ao longo dos anos, teve diversos carros, todos de origem britânica. 

Uma das histórias que se fala aconteceu há uns anos. Foi quando assustou outra cabeça coroada: o rei da Arábia Saudita, Abdullah. Quem conta a história é o ex-embaixador britânico naquele país, Sir Sherard Cowper-Coles, e foi difundida no site americano vox, quando ela fez 90 anos, em 2016. 

O então rei, ainda príncipe regente, fez uma visita a Isabel em 2003 a Balmoral, na Escócia. Como a fazenda é grande, ela ofereceu um passeio, que ele aceitou. Pensava que seria com ela a seu lado, com um motorista e o intérprete a bordo de algum Range Rover, mas na realidade... os planos eram outros. 

O resto é contado pelo antigo embaixador:

"Para sua surpresa, a rainha subiu no banco do condutor, ligou a ignição e partiu. As mulheres ainda não podem dirigir na Arábia Saudita [a interdição foi levantada em 2019], e Abdullah não estava acostumado a ser conduzido por uma mulher, muito menos uma rainha.

Seu nervosismo só aumentou quando a rainha, motorista do Exército em tempo de guerra, acelerou o Land Rover pelas estreitas estradas da propriedade escocesa, falando o tempo todo. Por meio de seu intérprete, o príncipe herdeiro implorou à rainha que diminuísse a velocidade e se concentrasse na estrada à sua frente."

No final o monarca tremia das pernas depois daquela viagem inacreditável e provavelmente, inesquecível.

Agora, que viva o novo rei, Carlos III. Os desafios serão imensos e poderão colocar em causa a integridade do próprio reino. Espero que tenha a fortaleza e a tranquilidade da sua mãe. Bem precisa.

The Queen is Dead. Long Live the King!

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