Estamos a 13 de maio de 1950, no circuito de Silverstone. Num palanque montado para a ocasião, o rei Jorge, o sexto com o mesmo nome, assiste, ao lado da sua mulher, a rainha Elizabeth, e da sua filha, também a princesa Elizabeth, aquela que iria ser a primeira corrida da história da Fórmula 1, onde os Alfa Romeo dominarão e o italiano Nino Farina se coroaria como vencedor.
Nesta quinta-feira, o Reino Unido e o mundo acordaram com a notícia de que Isabel II caoiu doente na sua cama e o seu estado era "preocupante". Os britânicos mantêm a respiração em suspenso com os membros da família real a chegarem às pressas ao castelo de Balmoral, onde ela está a passar férias - na véspera, recebeu a nova primeira-ministra, Liz Truss - e a BBC suspendeu a sua emissão normal, porque tem informações privilegiadas sobre o seu estado de saúde, e o ambiente é "sombrio".
Pensar que ela é a última pessoa ainda viva nessa foto, que assistiu ao tempo em que os carros tinham motores à frente, capacetes de pele e óculos para protegerem os olhos, e viu correr Stirling Moss, Mike Hawthorn, John Surtees, Jim Ckark, Jackie Stewart, James Hunt, Nigel Mansell, Jenson Button e Lewis Hamilton, entre outros, e condecorou a eles todos - Moss, Stewart e Hamilton foram ou são "Sirs", e ainda tivemos Jack Brabham, na Austrália - demonstra até que ponto ela pairou sobre as nossas existências.
A família real sempre gostou de automobilismo, não só por ser aquilo que é, mas também porque mostra a tecnologia que os britânicos são capazes de fazer. Não podemos deixar de pensar que das atuais 10 equipas de Fórmula 1, nobe tem a sua sede em território britânico, e existe um lugar no centro de Inglaterra, no Midlands, cujo apelido não oficial é "Motorpsort Valley", o vale do automobilismo, e onde estão circuitos como Donington Park e claro, Silverstone.
Isabel II Já esteve nas instalações de todas as equipas importantes, como a Williams e a McLaren, por exemplo. Sabe que a indústria automóvel britânica contribui imenso para a exportação e a disseminação do "made in Britain", e se há 60 anos, tínhamos os Minis, hoje em dia são mais os Jaguars, Land Rovers, e claro, a alta tecnologia e hipercarros como a própria McLaren. E gente como Colin Chapman, Ron Dennis e Frank Williams foram recompensados pelos seus serviços.
A rainha tem agora 96 anos, e reina há 70. É de um tempo que poucos já se lembram, e todos nós temos a sensação de que a vemos por aí a vida toda. A possibilidade de termos chegado ao fim de uma era transmitem-nos um misto de choque, tristeza e nostalgia de que a partir deste momento, as coisas não serão mais as mesmas. E que neste tempo todo, até o automobilismo foi tocado por ela, quer pela sua presença, quer pelo reconhecimento que esta indústria deu para a nação, desde meados do século passado, altura em que ascendeu ao trono.
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