E pronto, chegou o dia que todos esperavam que fosse o da consagração. Aquele onde Max acabou por ser bicampeão do mundo, a cinco corridas do final da temporada. E o lugar é fantástico, porque é Suzuka, no Japão, lugar onde gente como Senna, Piquet, Prost, Hakkinen, Michael Schumacher e Damon Hill foram coroados campeões. E o circuito é fantástico. É desafiante, parece ter-se encaixado perfeitamente na paisagem. E todos gostam dela. Tirando a pandemia, e as edições de 2007 e 2008, a Formula 1 corre lá há 35 anos.
E claro, a última vez que coroaram um campeão do mundo foi há onze anos, quando Sebastian Vettel conquistou ali, pela Red Bull, o seu... segundo campeonato. E também com um avanço de "calendário" sobre a concorrência.
Mas neste domingo, o dia amanheceu e as nuvens negras já se viam no horizonte, e à medida que a hora da corrida se aproximava, já todos tinham consciência de que a chuva iria cair mais. E claro, todos pensavam: ficaram à espera de melhores momentos? Andariam 53 voltas atrás do Safety Car? As pessoas ainda pensavam dos eventos de 2014, com trágicas consequências.
A chuva era muita quando chegou a hora da corrida, e a visibilidade era pouco mais que nula. Alguns arrancaram das boxes, como Pierre Gasly, mas na frente, Charles Leclerc tentou passar Max Verstappen, mas apesar da boa partida do monegasco, o neerlandês ficou com o primeiro posto na curva 1. Mas em poucas curvas se viam que as condições eram pouco mais que não existentes, e quando Carlos Sainz Jr bateu nas barreiras de proteção, os comissários não tiveram outra chance senão parar a corrida no início da terceira volta.
Depois, com tudo parado, começamos a ver os perigos de correr à chuva. Os tratores, sempre eficientes, mas a sair com pouca visibilidade, apareceram no momento em que Pierre Gasly ia a mais de 230 km/hora, só não batendo porque estava do outro lado da pista. Reclamou da situação e... o que aconteceu? Foi convocado pelos comissários da FIA!
Hora e meia parados nas boxes, esperando pela melhoria das condições de tempo, foi suficiente para assistir a reclamações - os pilotos estavam furiosos com o trator na pista, mais o comissário a rebocar o carro de Sainz Jr, com os carros a voar metros a seu lado! - e quando se avisou que o tempo iria melhorar um pouco, eles regressaram, atrás do Safety Car, e com pneus de chuva. Algumas curvas e os pilotos começaram a dizer que... não estava muito mau.
E foi o suficiente para que duas voltas depois, o Safety Car recolheu-se e a corrida recomeçou. Segundo os cálculos, havia 40 minutos de visibilidade compatível pela frente. E quase ao mesmo tempo, Vettel e Latifi arriscaram e meteram intermédios. Norris apareceu a seguir. Na frente, Max lidera, com Leclerc em segundo. E em poucas voltas, se viam que a diferença entre andar de chuva e de intermédios era de dois segundos. A favor destes últimos.
Foi o suficiente para todos começarem a trocar de pneus, com aquela dança que todos esperávamos. E com a classificação toda misturada, tinham de esperar que... o spray assentasse para saber quem estava realmente na frente. No final, Max mantinha a liderança, na casa do 1.45, e adaptando-se bem nestas condições. Leclerc mexeu-se, marcando 1.44,489. Atrás, Pérez era o terceiro, na frente de Ocon e Hamilton. Latifi era oitavo, mas atrás de Seb, sexto.
Com o tempo a esgotar-se, Max afastava-se de Leclerc e notava-se que aquele carro estava equilibrado para a chuva. Afastava-se do monegasco e quando faltavam cerca de 15 minutos para o limite definido, já havia 14 segundos de vantagem. E os pilotos já buscavam as partes mais molhadas porque... já se desenhava uma linha na pista! E no meio disto tudo, o segundo carro da Red Bull já estava bem perto do Ferrari de Leclerc. O monegasco não tinha pneus.
Sabendo disso, uma volta antes, Alonso foi às boxes para ver se aproveitava a melhoria das condições. Caiu para décimo, mas começou a apanhar alguns pilotos, não suficientes para chegar ao lugar que tinha antes.
E pelo meio, o tempo esgotava e a corrida estava a meio. Com Max a conseguir 19 dos 25 pontos que deveria receber, os cálculos foram rápidos: não chegava. Pérez teria de passar Leclerc e ainda fazer a volta mais rápida.
No final, parece que foi Leclerc que decidiu tudo. A culpa não foi dele, foi dos pneus que tinham desgastado mais que deveria - pelo menos, os pneus do Max estavam com melhor aspeto, e tinham sido trocados na mesma volta - e como não cedeu o lugar para o mexicano, os comissários foram lestos em penalizar em cinco segundos, dando a dobradinha para a Red Bull.
Parecia um grande dia, e aparentemente, era insuficiente para o Mundial para o neerlandês. Mas no final... os regulamentos diziam que, afinal de contas, como tinham passado dos 50 por cento e caminhavam para os 75, os pontos contariam por inteiro! E com Leclerc relegado na secretaria para o terceiro posto, Max era por fim campeão do mundo. Mas foi a FIA que lhe disse que tinha os pontos necessários para comemorar o bicampeonato, e no pódio, é celebrou.
Feliz, é verdade. E claro, sem culpa das asneiras da tarde, Mas para ser franco, este é mais um dia onde a Fórmula 1 não sai muito bem na foto.
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