E até contra alguns que queriam uma hierarquia dentro dos energéticos. Porque a duas corridas do fim, o australiano era o piloto mais bem colocado no campeonato.
Quando Fernando Alonso tinha ganho o GP da Coreia do Sul, numa prova atribulada debaixo de chuva, e Mark Webber tinha sido altamente prejudicado, com uma colisão na volta 18 com o carro de Nico Rosberg, o espanhol tinha passado para a frente com onze pontos de diferença. Vettel, que desistira na volta 31 com um motor rebentado, estava ainda mais distante: 206 pontos, precisamente 25 do espanhol. Parecia ser uma tarefa quase impossível. Se fosse no ténis, o alemão estaria a encarar o "match point" do espanhol, num 40-15, contra ele.
Faltava Brasil e Abu Dhabi, e ele teria de fazer corridas perfeitas para lá chegar. Ninguém daria nada por ele, e a Red Bull poderia ter dito a ele que para aquela temporada, as suas chances tinham acabado, e deveria apoiar o seu companheiro de equipa. Em Interlagos, a qualificação tinha sido baralhada pela chuva, que deu uma inesperada pole-position para o Williams de Nico Hulkenberg. Mas a seguir, estavam os Red Bull: Vettel na frente de Webber. No final, o alemão ganhou, com Webber em segundo, Alonso em terceiro e Hamilton em quarto.
Saído de Interlagos, a diferença entre Alonso, com 246, para Hamilton, quarto, era de meros 24 pontos. Todos tinham chances de campeonato. Webber pediu a Helmut Marko para lhe dar uma chance de título, mas ele ficou quieto. Vettel viu nisso como a sua única chance de título, e iria aproveitá-la em Abu Dhabi.
E na qualificação, Vettel foi ao ataque: pole-position, queria definitivamente acabar em primeiro. Mas Alonso apontava... para o Red Bull errado, porque pensava que Webber tinha todas as chances, e Vettel era um isco.
Na corrida, Vettel foi para a frente, seguido pelos McLaren de Jenson Button e Lewis Hamilton, que, recorde-se, também lutava pelo título. Atrás, Webber e Alonso lutavam por posição, significando que, se um ficasse na frente do outro, seria campeão. Era Alonso que tinha isso controlado, mas havia um problema: estavam abaixo no pelotão. Segundo os cálculos, ele precisava de um sexto posto para ser campeão.
Mas pela frente tinha um Renault: o do russo Vitaly Petrov. Alonso tentava passá-lo, porque com ele para trás, conseguia os pontos mínimos para ser campeão. Mas à medida que as voltas se aproximavam, Alonso e a Ferrari ficavam crescentemente nervosos, porque na frente, Hamilton não apanhava Vettel.
E quando cruzou a meta, o impensável aconteceu: não só Vettel era o vencedor, como tinha sido campeão. Era o mais jovem de sempre, e pela primeira vez desde 1976, quando aconteceu com James Hunt, o campeão chegou á liderança no final da última corrida. Num campeonato com cinco candidatos durante muito tempo, e com três equipas capazes de alcançar o título, ninguém esperava Vettel ficar com o título. Mas aconteceu.
E ali, começava o domínio de Vettel e da Red Bull. E o dedo indicador, símbolo de triunfo, seria uma visão frequente nos fins de semana de Grande Prémio.
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