quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

O tempo onde Colin McRae quase correu de Skoda


Colin McRae é uma lenda dos ralis. A sua extensa carreira, do qual muita dela está ligada à Prodrive, de David Richards, ao volante dos Subaru Impreza, é de lenda, mas o seu tempo onde correu pela Ford, com o Focus WRC, não pode ser menosprezada. Batizado de "Colin McCrash", pela sua rapidez e elevada probabilidade de acabar na valeta, 15 anos após a sua morte, ainda há segredos para desvendar. 

Por estes dias, o site Dirtfish.com contou que em 2005, na fase descendente na sua carreira, e numa altura onde já experimentava outras coisas - Dakar, Le Mans - existiu uma chance de ele regressar ao WRC... como dono da sua própria equipa! E quem conta isso é o próprio David Richards, e mais altgumas pessoas. 

Tudo começa em meados de 2005, quando a Skoda, que tinha o Fábia WRC, decide convidar McRae para o RallyGB. A experiência corre tão bem que é convidado para a prova seguinte, o Rali da Austrália, onde McRae anda tão bem - chega a ser segundo classificado! - que a meio desse rali, David Richards e Neil Gatt pensam em montar uma equipa só para ele, usando esse Fabia WRC, porque nessa altura, a Skoda já tinha decidido retirar-se da primeira classe dos ralis e ir ser cliente, onde está até agora.

Richards, que na altura detinha os direitos para transmitir o mundial de ralis - tinha-os comprado a Bernie Ecclestone - achava que McRae poderia ser o ponta de lança para colocar o WRC no panorama internacional, e Gatt, que na altura era o dono da RED International, uma equipa satélite da Prodrive, que tinha enormes laços com a família McRae - Jimmy, o pai, Colin e Allister, o irmão - tinha a capacidade de sustentar uma equipa dessas. 


Mas a Skoda tinha outros planos. Como já tinha sido dito, eles iam-se embora do WRC, e assistiram alguns carros a outros pilotos, e o alinhamento já estava fechado, com gente como Gilles Panizzi, Jan Kopecký, Andreas Aigner, Raimund Baumschlager, Armin Schwarz - ambos apoiados pela Red Bull - e Harri Rovanperä, o pai de Kalle Rovanperä, o campeão de 2022. 

Apesar de tudo, existiu um quarto elemento nas negociações: Pavel Hortek, o manager da Skoda Motorsport. Ficou entusiasmado quer com McRae, quer com a ideia de uma equipa a suster uma das suas máquinas nas mãos de um campeão do mundo e com muita lenha para queimar, como estava a assistir por ali. Contudo, quando a embraiagem do carro quebrou e o escocês acabou por abandonar, todos ficaram desgostosos com o resultado. E isso foi suficiente para as negociações não resultarem.

E Hortek sabia que, se montasse a equipa para McRae, ele tinha outro piloto a seu lado. Jovem e com capacidade de progressão. Ele contou que ele o queria desde 2003, quando andou pela Citroen na sua última temporada a tempo inteiro.

De forma muito secreta, eu estava conversando com ele em Espanha, após o rali da Catalunha [de 2003]. Estávamos conversando sobre alguma [forma de] cooperação”, começou por dizer. “Lembro-me de trazer um rapaz consigo e conversamos sobre a chance desse jovem dirigir. Na época não era possível”.

O nome desse jovem? Kris Meeke. Que mais tarde seria piloto a tempo inteiro de Skoda no WRC2. 

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