Mais do que assistir aos últimos dias de Jabouille como piloto, aos 38 anos e em convalescença do seu acidente no ano anterior, no Canadá, é interessante falar da relação entre ele e o seu companheiro de equipa, Jacques Lafitte. E tinham uma relação mais funda que se pensa.
É que eram cunhados. Ambos tinham casado com duas irmãs.
Mas já se conheciam de antes, bem antes. Quando Jabouille decidiu trocar de cursos na Sorbonne, decidiu também ir correr no automobilismo, num curso que existia para encontrar talentos franceses para alcançar a Formula 1, pois na altura, meados dos anos 60, tirando Jean-Pierre Beltoise, era o deserto. Laffite e Jabouille fizeram uma amizade onde o mais novo fazia de mecânico ao mais velho. Ora, quem tinha o carro era Jabouille, e foi nele que entrou no Volant Elf de 1966, onde foi batido por Francois Cevért. Foi apenas quando Jabouille se tornou piloto de ensaios da Alpine, desenvolvendo os carros para a Formula 3 e a Endurance que Laffite se aventurou ao volante, e se explica a sua chegada tardia à Formula 1, em 1974, com 31 anos.
Curiosamente, Laffite e Jabouille são ambos campeões de Formula 2, com o mais novo a ganhar em primeiro lugar, alcançando-o em 1975, num chassis Martini, com Jabouille a construir o seu próprio carro, com o dinheiro da Elf e com os conhecimentos da Alpine, que se retirara da Formula 2 para os seus projetos na Endurance e depois, na Formula 1.
Ambos levaram as suas equipas às costas: Jabouille, que levou a "Chaleira Amarela" da chacota ao triunfo em pouco menos de dois anos, em Dijon - não me perguntem se as meias e as cuecas eram francesas, não tenho assim tanto conhecimento - Laffite, desde o "Bule Azul" até à "Ecurie de France", onde lutava por vitórias e títulos, especialmente na primeira parte da temporada de 1979. Quando Jabouille notou que a marca do losango queria alguém capaz de ganhar corridas, escolheu Alain Prost e ele rumou para outros caminhos, para mostrar que ainda era bom piloto. Escolheu a Ligier, certamente com a ajuda do cunhado. Mas quando se despistou no GP do Canadá, em Montreal, e fraturou a sua perna direita, parecia que as suas chances estavam diminuídas. Mas tentou.
Ele não apareceu em Long Beach, com Jean-Pierre Jarier no seu lugar, mas em Jacarépaguá, chegou a andar nos treinos de quinta-feira, com tempos modestos. Mas os ossos ainda não estavam sarados e não tinha a resistência para toda uma corrida. Jarier acabou por correr na prova brasileira, chegando ao sétimo lugar. Regressou em Buenos Aires... e não se qualificou, ficando em 28º quando apenas 24 carros é que podiam alinhar na corrida.
O seu melhor lugar na grelha acabou por ser o 16º na Bélgica, onde a transmissão do seu carro cedeu na volta 35. Depois do GP de Espanha, em Jarama, decidiu pendurar o capacete, e se tornar no diretor desportivo da marca no ano e meio seguinte, ajudando o seu cunhado e amigo a ver se conseguia ou não o campeonato. No final daquela temporada, com duas vitórias na Áustria e no Canadá, ficou a seis pontos do título que caiu nas mãos de Nelson Piquet...
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