Onofre Marimon é o menos conhecido dos argentinos voadores que povoaram a Formula 1 nos anos 50. E era o mais novo de todos. Nascido a 23 de dezembro de 1923 em Zárate, na província de Buenos Aires - 12 anos mais novo que Juan Manuel Fangio, por exemplo - foi a convite do próprio Fangio, que o reparou nas provas locais, que chegou à Europa em 1951 para correr num Maserati inscrito pela Scuderia Milano, sem chegar ao fim. Só regressou dois anos depois, para ser piloto oficial da Maserati, onde logo em Spa-Fracochamps, conseguiu um inesperado terceiro lugar, o seu primeiro pódio. Acabou a temporada na 11ª posição, com quatro pontos.
No ano seguinte, a meio do ano, a Formula 1 recebia o GP da Grã-Bretanha, em Silverstone. A Mercedes tinha acabado de chegar e dominara a corrida anterior, em Reims, o palco do GP de França, com uma dupla Fangio e o alemão Karl Kling. Logo, as expectativas eram altas, especialmente aquele carro era extremamente aerodinâmico. Para Marimon, aquela temporada... estava a ser um desastre. Nas três corridas onde participara, Argentina, Bélgica e França, não chegara ao final. E pior: na qualificação, ele conseguiu apenas o tempo de 2.02,6, meros... 17,6 segundos mais lento que o seu compatriota Fangio, na pole-position, no seu Mercedes.
A razão tinha sido simples: os Maserati tinham chegado atrasados e Silverstone e não teve tempo para dar umas voltas decentes. Por exemplo, Luigi Villoresi, seu companheiro, não conseguiu muito melhor: ficara um lugar acima, a 0,6 segundos.
Marimon estava na corda bamba. E queria provar o contrário.
Logo na partida, Fangio manteve-se na frente da corrida, mas chovia ligeiramente e os pilotos tentavam agarrar-se à pista com os pneus para seco, porque uma paragem nas boxes demorava... quase um minuto. Aproveitando a situação, Marimon mandou a cautela para as estrelas e começou a passar piloto após piloto. Boa parte deles eram Cooper, Connaughts e Lea-Francis, carros britânicos e menos fortes que os Maseratis, melhores do pelotão, apenas inferiores que Ferrari e agora, Mercedes, mas o que é um facto é que no final da primeira volta, Marimon... era sexto. No final da volta seguinte, passou Stirling Moss, noutro Maserati, antes de ser passado por Moss e o francês Maurice Trintignant, no seu Ferrari. Sexto nas voltas seguintes, Marimon seguia os da frente enquanto Fangio tinha dificuldades em manter o carro na pista, sendo passado pelo carro de Froilan Gonzalez, mais ágil que o aerodinâmico, mas... incómodo Mercedes. É que o carro batia nas barreiras e afetava a direção.
A partir da volta 60, a chuva aumentou e Marimon, quinto, depois da desistência de Jean Behra, passou Fangio, seu compatriota e mentor, na volta 78, para a seguir, Moss, com problemas com a sua transmissão, desistir e acabar no terceiro posto, atrás de Froilan Gonzalez e o britânico Mike Hawthorn, ambos em Ferrari.
Dois argentinos no pódio, e Fangio ainda ficou no quarto lugar. Três argentinos nos pontos é algo que não mais iriam ver. E melhor ainda, Marimon foi um dos sete pilotos que partilhariam a volta mais rápida, com o tempo de 1.50. E como nesse tempo isso balia um ponto... este foi dividido em sete, Incluindo Moss, Behra e Ascari, que... não acabaram a corrida.
Apesar de tudo, foi uma grande corrida. Uma demonstração do grande talento que o piloto argentino tinha e da máquina que controlava entre mãos.
Infelizmente, foi um final trágico. Duas semanas depois, a 31 de julho de 1954, durante a qualificação do GP da Alemanha, Marimon, que procurava melhorar o tempo que tinha conseguido para se aproximar de Fangio, perdeu o controlo e se despistou, matando-se. A imagem de Froilan Gonzalez a chorar no ombro de um desgostoso Juan Manuel Fangio, quando souberam da noticia da morte do seu compatriota, deu a volta o mundo.
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