Jim Clark disse isso ao seu fiel mecânico, "Beaky" Sims, antes de largar no seu Lotus 48 para a corrida de Formula 2 em Hockenheim. Alguns minutos depois, o piloto escocês perderia o controle do seu carro, embateu nas árvores e morreu. Minutos depois, os altifalantes anunciariam o desfecho perante uma multidão atónita, que assistiu em choque às bandeiras serem baixadas à meia-haste.
Choque maior aconteceria quando as noticias chegaram a Brands Hatch, onde decorria uma proba de Endurance, a BOAC 500, onde Clark deveria ter corrido no novo Ford P68, que deveria ter sido o carro sucessor do GT40, que vencia em Le Mans. Muitos não tinham entendido a razão porque ele não estava ali, ainda por cima, era das poucas ocasiões onde iria ver o escocês sem ser num Lotus. Todos ficaram silenciosos quando ouviram a noticia.
Já falei sobre isso há uns dias. O tempo estava horrível - chuva e frio - e eles lutaram ao longo do fim de semana com os sistemas de combustível, que congelavam por causa da temperatura. Ainda por cima, uma semana antes, o escocês tinha desistido na corrida de Montjuich, por causa de um toque na suspensão do seu carro.
A morte de Clark interrompe o inicio vencedor da temporada do escocês. Tinha triunfado no GP da Africa do Sul, com um Lotus 49 em alta - contando com as duas últimas corridas da temporada de 1967, era a sua terceira vitória consecutiva - e na Tasman Series, a temporada na Austrália e Nova Zelândia, tinha ganho pela terceira vez, e os seus desempenhos foram consistentes. Com a temporada a começar na Europa apenas em maio, parecia que ele teria tudo para alcançar o terceiro título mundial. O título mundial que Graham Hill alcançou, no final da temporada, mais do que mostrar que o britânico conseguiu unir a equipa depois de um choque tremendo, também deu força a um Colin Chapman que, em choque - não estava ali, tirava férias nos Alpes Suíços - considerou abandonar, pois perdera mais do que um grande piloto, um bom amigo.
Depois do que sucedera, a vida continuou, mas Chris Amon, que o conhecia bem e em 1968 era piloto da Ferrari, disse o que todos pensavam sobre o sucedido:
“Acho que ninguém passou a andar mais devagar depois da morte de Jimmy, mas todos pensávamos que se poderia acontecer com ele, poderia acontecer a qualquer um. Muitos de nós achávamos que éramos inatingíveis, e isso acabou ali…”
O que ninguém sabia era que a Formula 1 tinha acabado de inaugurar uma temporada infernal. E por algum tempo, todos temiam os dias 7.
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