sexta-feira, 7 de abril de 2023

A imagem do dia


'Da maneira como este carro está, não contes comigo no pódio.'

Jim Clark disse isso ao seu fiel mecânico, "Beaky" Sims, antes de largar no seu Lotus 48 para a corrida de Formula 2 em Hockenheim. Alguns minutos depois, o piloto escocês perderia o controle do seu carro, embateu nas árvores e morreu. Minutos depois, os altifalantes anunciariam o desfecho perante uma multidão atónita, que assistiu em choque às bandeiras serem baixadas à meia-haste. 

Choque maior aconteceria quando as noticias chegaram a Brands Hatch, onde decorria uma proba de Endurance, a BOAC 500, onde Clark deveria ter corrido no novo Ford P68, que deveria ter sido o carro sucessor do GT40, que vencia em Le Mans. Muitos não tinham entendido a razão porque ele não estava ali, ainda por cima, era das poucas ocasiões onde iria ver o escocês sem ser num Lotus. Todos ficaram silenciosos quando ouviram a noticia. 

Já falei sobre isso há uns dias. O tempo estava horrível - chuva e frio - e eles lutaram ao longo do fim de semana com os sistemas de combustível, que congelavam por causa da temperatura. Ainda por cima, uma semana antes, o escocês tinha desistido na corrida de Montjuich, por causa de um toque na suspensão do seu carro.

A morte de Clark interrompe o inicio vencedor da temporada do escocês. Tinha triunfado no GP da Africa do Sul, com um Lotus 49 em alta - contando com as duas últimas corridas da temporada de 1967, era a sua terceira vitória consecutiva - e na Tasman Series, a temporada na Austrália e Nova Zelândia, tinha ganho pela terceira vez, e os seus desempenhos foram consistentes. Com a temporada a começar na Europa apenas em maio, parecia que ele teria tudo para alcançar o terceiro título mundial. O título mundial que Graham Hill alcançou, no final da temporada, mais do que mostrar que o britânico conseguiu unir a equipa depois de um choque tremendo, também deu força a um Colin Chapman que, em choque - não estava ali, tirava férias nos Alpes Suíços - considerou abandonar, pois perdera mais do que um grande piloto, um bom amigo.

Depois do que sucedera, a vida continuou, mas Chris Amon, que o conhecia bem e em 1968 era piloto da Ferrari, disse o que todos pensavam sobre o sucedido:

Acho que ninguém passou a andar mais devagar depois da morte de Jimmy, mas todos pensávamos que se poderia acontecer com ele, poderia acontecer a qualquer um. Muitos de nós achávamos que éramos inatingíveis, e isso acabou ali…

O que ninguém sabia era que a Formula 1 tinha acabado de inaugurar uma temporada infernal. E por algum tempo, todos temiam os dias 7.       

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...