O dia amanheceu - há muito - em Melbourne e os espectadores - mais de 130 mil só neste domingo, mais de 430 mil ao longo do final de semana - acorriam em massa, para uma das corridas mais populares do calendário, na esperança de... se calhar, assistir a algo de invulgar.
Antes dos carros alinharem na gelha, existiam novidades: Sérgio Pérez e Valtteri Bottas decidiram que iriam sair das boxes na altura da partida, porque queriam ter a liberdade de mexer nos seus carros até ao último momento, e as suas posições na grelha, bem lá no fundo, assim decidiram.
A primeira partida começou com George Russell a fazer uma partida-canhão, passando Max Verstappen e Alonso, Hamilton e os Ferrari queriam aproveitar a má partida do piloto da Red Bull, mas na curva 4, Charles Leclerc acaba na gravilha, aparentemente tocado por alguém a seu lado. Depois, se viu que tinha sido o Aston Martin de Lance Stroll. Safety Car para tirar o Ferrari do lugar perigoso onde estava, e alguns tinham ido às boxes para colocar duros - boa parte do pelotão estava de médios, exceto Pierre Gasly, que tinha moles.
No regresso, a partir da volta 4, Russell tentou ir embora, pois Hamilton era segundo e tentava aguentar Max e Alonso, com os carros a andarem perto uns dos outros. Contudo, na volta 7, Alex Albon, que era sexto, despistava-se e batia forte nas barreiras de proteção. Nova entrada do Safety Car, e alguns foram às boxes, como Russell e Sainz Jr, para meter duros, mas pouco depois, a direção de corrida acabou por mostrar a bandeira vermelha, porque a gravilha se espalhou na pista de forma a prejudicar a corrida. Claro, para gente como Russell, as coisas não saíram bem, mas a culpa não era dele.
Meia hora depois da corrida, os carros reaparecem na pista, atrás do Safety Car, antes da relargada como partiram antes. Quase todos andavam de duros - Logan Sargent e Nyck De Vries, de médios, eram as exceções - a corrida arrancou com Hamilton a manter o primeiro posto, com Max a segui-lo. Contudo, volta e meia depois, o neerlandês passou Hamilton por fora, numa das xonas de DRS, e ficou com a liderança.
Com o regresso da corrida, começou-se a ver os ritmos de corrida. Checo subia paulatinamente de posições, para chegar aos pontos, e ver se conseguia subir o mais possível. Na frente, atrás de Max, Hamilton e Alonso guerreavam à distância, ganhando um décimo aqui e ali, sem que as posições se alterassem. Carlos Sainz Jr e Gasly estavam a seguir, mas estes também estavam juntos e não apanhavam aqueles que estavam na sua frente. Existia tensão, mas não emoção, pois todos tinham pneus duros e queriam chegar ao fim sem trocar.
Por alturas da volta 42, a diferença de Max para Hamilton era de 10 segundos, com um pelotão relativamente compactado, com todos a terem um ritmo semelhante. Os DRS funcionavam, mas as distâncias se mantinham, mas em contaste, isso era a parte interessante. Se calhar, ninguém queria piscar o olho, para não perder alguma eventual ultrapassagem. Isso só acontecia com Checo, que tinha passado Norris para ser oitavo.
E na volta 53, mais emoção... e confusão: Kevin Magnussen bateu no muro e daba cabo do seu Haas, com o pneu no meio da pista, na trajetória dos outros. Safety Car na pista, todos juntos e... quase ninguém parou nas boxes, porque parecia que colocar moles não compensava. Porque a seguir iriamos ter bandeira vermelha! Iria ser duas voltas de loucos. E se existiam dúvidas, agora tínhamos certezas: era a melhor corrida do ano. E se calhar... não "até agora".
Só que no arranque... ficou o caldo entornado. Sainz tocou em Alonso, este fez um pião e ficou para o fundo do pelotão, e atrás, os Alpine se eliminam um ao outro, com Ocon dando um toque em Gasly e acabando com a corrida de ambos. Carambola pura e dura, nova bandeira vermelha... e faltava uma volta para o fim. Já tinha ultrapassado as duas horas de corrida - se contarmos com as interrupções - e a emoção que parecia acontecer estava a esvaziar, como um balão.
Aliás, o final foi anti-climático: Sainz Jr foi penalizado em cinco segundos por ter sido dado como responsável pelo toque com Alonso, e que, indiretamente, causou a carambola e o caos no pelotão, e a FIA decidiu que os carros iriam cruzar a meta atrás do Safety Car. Exatamente a antítese daquilo que queriam evitar, quando colocaram a bandeira vermelha a poucas voltas do fim.
E quanto ao campeonato? Parece que acontecerá o título para os Red Bull, resta saber quando.
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