domingo, 16 de julho de 2023

A(s) image(ns) do dia (II)







Há 40 anos, em Silverstone, Alain Prost batia os Ferrari de René Arnoux e Patrick Tambay, bem como o Brabham de Nelson Piquet, mas o grande destaque daquele dia era um piloto que tinha partido da 18ª posição da grelha para ser quarto, numa demonstração de rapidez, num carro que foi construído em poucas semanas para ser um chassis eficaz num tempo conturbado. 

O piloto era Nigel Mansell, a equipa era a Lotus e o chassis era o 94T, projeto de Gerard Ducarrouge, recém-chegado à equipa de Hethel. E foi o primeiro sinal de alívio de uma equipa que parecia estar numa espiral descendente. 

Em 1982, a Lotus não triunfava há quatro anos. Colin Chapman tentava tirar algo da sua cartola que lhes desse uma "vantagem injusta" à concorrência, mas agora, a FISA e a FOCA estavam atentos e já não deixavam mexer muito, tentando aproveitar os buracos no regulamento. O 88, chassis duplo, tinha sido banido em 1981, e Chapman estava desesperado por arranjar algo que o colocasse na frente. Contudo, no verão de 1982, ele estava feliz: Elio de Angelis tinha ganho na Áustria e ele anunciava que iria ter motores Renault Turbo a partir de 1983. E tinha encontrado algo que poderia aproveitar, o principio da suspensão ativa, um dispositivo eletrónico que fazia com que a suspensão se adaptasse à superfície de contacto ao solo, uma alternativa ao chassis duplo do malfadado 88. 

Contudo, esses eram os poucos raios de sol, porque nos bastidores, Chapman estava preocupado com o escândalo que estava a acontecer com o seu envolvimento no projeto De Lorean, e isso estava a dar cabo da sua saúde. A 14 de dezembro de 1982, quando iam testar um carro com suspensão ativa, Chapman morre de ataque cardíaco, aos 54 anos. Órfãos do seu fundador, a equipa fica nas mãos de Peter Warr, mas o 93T (T de turbo) é um fracasso total: até ao GP do Canadá, em junho, tinham conseguido um ponto. E tinha sido com o 92, o carro... com motor Cosworth!

Entretanto, noutra equipa, a Alfa Romeo, um incidente com o carro de Andrea de Cesaris, excluído do GP do Brasil por causa de um problema de pesagem, foi o pretexto para o despedimento do seu projetista, o francês Gerard Ducarouge. No mercado, o currículo era longo e bem-sucedido: começando na Matra, na Endurance, passou para a Ligier, desenhando o seu primeiro carro, o JS5, em 1976, e lá ficando até 1981, passando para a equipa italiana. Contudo, as tensões com Carlo Chiti foram demasiadas e ele acabou prematuramente a sua passagem pela equipa de Arese.  

Desesperados, chegaram ao pé dele e pediram para desenhar um carro simples que acomodasse o motor Renault Turbo que eles tinham. O 94T demorou menos de um mês para ser desenhado e construído, e estreou-se no GP da Grã-Bretanha. 

Na qualificação, De Angelis conseguiu um extraordinário quarto tempo, em contraste com Mansell, apenas 18º, quatro segundos mais lento que o seu companheiro de equipa. Contudo, na corrida, as sortes foram diferentes: o italiano teve um problema com o seu turbo na primeira volta e acabou por desistir, enquanto o britânico começava a demonstrar a sua garra, numa corrida de trás para a frente. Na nona volta, ele já era oitavo, atrás do Toleman de Derek Warwick, entrou nos pontos pouco depois, passando Warwick e beneficiando da desistência do ATS de Manfred Winkelhock. A quarta posição foi alcançada na volta 48, quando passou o Ferrari de René Arnoux

No final, a performance de Mansell era elogiada por tudo e todos, afirmando o seu potencial para ganhar, quando tivesse um carro digno desse registo. 

Até ao final da temporada, com o 94T, foi o britânico a conseguir um pódio e 10 dos 12 pontos que a Lotus iria conseguir nessa temporada, ficando com o oitavo posto do campeonato de Construtores. Não foi um grande ano, mas poderia ter sido bastante pior.   

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