O piloto era Nigel Mansell, a equipa era a Lotus e o chassis era o 94T, projeto de Gerard Ducarrouge, recém-chegado à equipa de Hethel. E foi o primeiro sinal de alívio de uma equipa que parecia estar numa espiral descendente.
Em 1982, a Lotus não triunfava há quatro anos. Colin Chapman tentava tirar algo da sua cartola que lhes desse uma "vantagem injusta" à concorrência, mas agora, a FISA e a FOCA estavam atentos e já não deixavam mexer muito, tentando aproveitar os buracos no regulamento. O 88, chassis duplo, tinha sido banido em 1981, e Chapman estava desesperado por arranjar algo que o colocasse na frente. Contudo, no verão de 1982, ele estava feliz: Elio de Angelis tinha ganho na Áustria e ele anunciava que iria ter motores Renault Turbo a partir de 1983. E tinha encontrado algo que poderia aproveitar, o principio da suspensão ativa, um dispositivo eletrónico que fazia com que a suspensão se adaptasse à superfície de contacto ao solo, uma alternativa ao chassis duplo do malfadado 88.
Contudo, esses eram os poucos raios de sol, porque nos bastidores, Chapman estava preocupado com o escândalo que estava a acontecer com o seu envolvimento no projeto De Lorean, e isso estava a dar cabo da sua saúde. A 14 de dezembro de 1982, quando iam testar um carro com suspensão ativa, Chapman morre de ataque cardíaco, aos 54 anos. Órfãos do seu fundador, a equipa fica nas mãos de Peter Warr, mas o 93T (T de turbo) é um fracasso total: até ao GP do Canadá, em junho, tinham conseguido um ponto. E tinha sido com o 92, o carro... com motor Cosworth!
Entretanto, noutra equipa, a Alfa Romeo, um incidente com o carro de Andrea de Cesaris, excluído do GP do Brasil por causa de um problema de pesagem, foi o pretexto para o despedimento do seu projetista, o francês Gerard Ducarouge. No mercado, o currículo era longo e bem-sucedido: começando na Matra, na Endurance, passou para a Ligier, desenhando o seu primeiro carro, o JS5, em 1976, e lá ficando até 1981, passando para a equipa italiana. Contudo, as tensões com Carlo Chiti foram demasiadas e ele acabou prematuramente a sua passagem pela equipa de Arese.
Desesperados, chegaram ao pé dele e pediram para desenhar um carro simples que acomodasse o motor Renault Turbo que eles tinham. O 94T demorou menos de um mês para ser desenhado e construído, e estreou-se no GP da Grã-Bretanha.
Na qualificação, De Angelis conseguiu um extraordinário quarto tempo, em contraste com Mansell, apenas 18º, quatro segundos mais lento que o seu companheiro de equipa. Contudo, na corrida, as sortes foram diferentes: o italiano teve um problema com o seu turbo na primeira volta e acabou por desistir, enquanto o britânico começava a demonstrar a sua garra, numa corrida de trás para a frente. Na nona volta, ele já era oitavo, atrás do Toleman de Derek Warwick, entrou nos pontos pouco depois, passando Warwick e beneficiando da desistência do ATS de Manfred Winkelhock. A quarta posição foi alcançada na volta 48, quando passou o Ferrari de René Arnoux.
No final, a performance de Mansell era elogiada por tudo e todos, afirmando o seu potencial para ganhar, quando tivesse um carro digno desse registo.
Até ao final da temporada, com o 94T, foi o britânico a conseguir um pódio e 10 dos 12 pontos que a Lotus iria conseguir nessa temporada, ficando com o oitavo posto do campeonato de Construtores. Não foi um grande ano, mas poderia ter sido bastante pior.
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