sábado, 19 de agosto de 2023

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Há meio século, José Carlos Pace tornava-se no segundo piloto brasileiro a subir a um pódio de um Grande Prémio de Formula 1. E de uma certa forma, a grande ironia é que foi à custa de... outro brasileiro: Emerson Fittipaldi. Tudo aconteceu no veloz circuito de Zeltweg, no meio da Áustria. 

Para melhorar as coisas para Pace, ele conseguia ali a volta mais rápida, a segunda consecutiva, mostrando toda a sua rapidez em corrida. Mas quem acompanhava então aquela temporada, não estava assim tão surpreendido. Desde que o piloto brasileiro tinha o TS14, estreado em meados de 1973, que conseguia lugares nas primeiras filas da grelha, e as suas partidas eram fortes, ficando entre os primeiros, interferindo entre Tyrrels e Lotus. Por exemplo, em Zandoort, era terceiro no final da primeira volta, depois do Lotus de Ronnie Peterson e do Tyrrell de Jackie Stewart

Na corrida austríaca, decorrida numa tarde de enorme calor de agosto, Pace largava de oitavo, numa altura em que Fittipaldi estava sobre brasas. Liderando com quatro pontos de avanço depois do GP do Mónaco, só conseguiu um ponto em cinco corridas, contra os 23 de Stewart nesse tempo, que o colocava com 15 pontos de avanço sobre o piloto brasileiro. Para ele, ou ganhava, ou via o título ir para o piloto escocês. Sob brasas, tinha conseguido a pole-position, mas perdeu na partida para Peterson, até o passar na volta 16, com Stewart no terceiro posto. Não era muito, mas mantinha-o na corrida pelo título.

Emerson começou a afastar-se até estar num posição confortável para a vitória. Mas na volta 48, o sistema de combustível faltou-lhe e não teve outro remédio senão encostar-se. Peterson voltou a ficar com o comando, já com alguma distância sobre o escocês, que não se esforçou em atacar, porque com esses seis pontos, ficaria com 21, e a três corridas do fim, teria uma mão e meia no campeonato. Só dependia de ele mesmo. 

E Pace? Fez o seu trabalho, especialmente nas voltas finais, por causa do Brabham de Carlos Reutemann, que tinha partido de quinto. Ele tinha passado o argentino na volta 17, e de uma certa forma, aproveitou as desistências na frente para se chegar aos lugares de pódio. Mas o piloto da Brabham não o largou tão facilmente, e com isso, parecia que ambos se aproximavam de Stewart. Mas no inicio da última volta, o piloto da Surtees começou a ter problemas com o sistema de injeção de combustível, e de repente, teve de coxear até à meta, esperando que ainda conseguisse passar pela bandeira de xadrez antes de Reutemann o apanhar. Sorte a dele, conseguiu, e com ele, o seu primeiro pódio. Bem merecido, é certo.

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