Já passaram 30 anos, mas para alguém como eu, foi uma imagem que não está totalmente apagada da minha memória. Afinal de contas, falamos de uma estreia, e numa das equipas mais míticas da Formula 1. A mesma que acolheu Jim Clark, Graham Hill, Jochen Rindt, Emerson Fittipaldi, Ronnie Peterson, Mário Andretti, Nigel Mansell, Elio de Angelis, Ayrton Senna e Nelson Piquet.
Hoje passam 30 anos do GP de Itália de 1993. A corrida de estreia de Pedro Lamy. Pela primeira ocasião desde 1964, um português alinhava na grelha de partida de um Grande Prémio - sim, ainda tivemos o Pedro Matos Chaves, mas falamos de um fim de semana de Grande Prémio, não nos 26 que alinhavam numa corrida.
E curiosamente, a última ocasião de um português na Formula 1 foi em Monza...
Lamy foi o substituto de Alex Zanardi, acidentado na corrida anterior, em Spa-Francochamps. Ele vinha de uma excelente temporada na Formula 3000, onde lutava pelo título com Olivier Panis, e corria na mesma equipa, a Crypton Racing, que tinha dado no ano anterior o título a Luca Badoer. E tinha ganho uma corrida no difícil circuito citadino de Pau.
Com todos os pilotos a se qualificarem - a regra do último classificado não participar na corrida tinha caído - o piloto português pagava o preço da inexperiência e do nervosismo da estreia. E a ideia era chegar ao fim, e não ter o mesmo destino de Marco Apicella, por exemplo, que também se iria estrear ali e acabaria... menos de 800 metros depois, na primeira chicane.
Aliás, os últimos postos de Lamy foram uma bênção disfarçada porque ele conseguiu safar-se da carambola da primeira curva, onde cinco pilotos foram ali eliminados, e beneficiou quando oito voltas depois, Ayrton Senna travou demasiado tarde na segunda chicane, a Variante Roggia, levando consigo o Ligier de Martin Brundle, que estava na sua frente. E na 15ª volta, o seu companheiro de equipa, Johnny Herbert, despistava-se quando estava na quinta posição.
Claro que Lamy não foi só o beneficiário dos azares dos outros. A certa altura passou o Lola de Badoer e não era último, andando entre o nono e o décimo posto, e tudo indicava que ele iria cumprir o seu objetivo: levar o carro até ao fim, sem o forçar. Mas na volta 49, a quatro do final, um problema elétrico o obrigou a parar o seu carro na reta da meta. Tempo suficiente para assistir de camarote ao espetáculo que os Minardis iriam dar quando cruzaram a meta, com Pierluigi Martini a desentender-se com Christian Fittipaldi e o brasileiro a cortar a meta da maneira mais acrobática possível...
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