terça-feira, 12 de setembro de 2023

A(s) image(ns) do dia (II)




Já passaram 30 anos, mas para alguém como eu, foi uma imagem que não está totalmente apagada da minha memória. Afinal de contas, falamos de uma estreia, e numa das equipas mais míticas da Formula 1. A mesma que acolheu Jim Clark, Graham Hill, Jochen Rindt, Emerson Fittipaldi, Ronnie Peterson, Mário Andretti, Nigel Mansell, Elio de Angelis, Ayrton Senna e Nelson Piquet

Hoje passam 30 anos do GP de Itália de 1993. A corrida de estreia de Pedro Lamy. Pela primeira ocasião desde 1964, um português alinhava na grelha de partida de um Grande Prémio - sim, ainda tivemos o Pedro Matos Chaves, mas falamos de um fim de semana de Grande Prémio, não nos 26 que alinhavam numa corrida. 

E curiosamente, a última ocasião de um português na Formula 1 foi em Monza...

Lamy foi o substituto de Alex Zanardi, acidentado na corrida anterior, em Spa-Francochamps. Ele vinha de uma excelente temporada na Formula 3000, onde lutava pelo título com Olivier Panis, e corria na mesma equipa, a Crypton Racing, que tinha dado no ano anterior o título a Luca Badoer. E tinha ganho uma corrida no difícil circuito citadino de Pau. 

Com todos os pilotos a se qualificarem - a regra do último classificado não participar na corrida tinha caído - o piloto português pagava o preço da inexperiência e do nervosismo da estreia. E a ideia era chegar ao fim, e não ter o mesmo destino de Marco Apicella, por exemplo, que também se iria estrear ali e acabaria... menos de 800 metros depois, na primeira chicane. 

Aliás, os últimos postos de Lamy foram uma bênção disfarçada porque ele conseguiu safar-se da carambola da primeira curva, onde cinco pilotos foram ali eliminados, e beneficiou quando oito voltas depois, Ayrton Senna travou demasiado tarde na segunda chicane, a Variante Roggia, levando consigo o Ligier de Martin Brundle, que estava na sua frente. E na 15ª volta, o seu companheiro de equipa, Johnny Herbert, despistava-se quando estava na quinta posição. 

Claro que Lamy não foi só o beneficiário dos azares dos outros. A certa altura passou o Lola de Badoer e não era último, andando entre o nono e o décimo posto, e tudo indicava que ele iria cumprir o seu objetivo: levar o carro até ao fim, sem o forçar. Mas na volta 49, a quatro do final, um problema elétrico o obrigou a parar o seu carro na reta da meta. Tempo suficiente para assistir de camarote ao espetáculo que os Minardis iriam dar quando cruzaram a meta, com Pierluigi Martini a desentender-se com Christian Fittipaldi e o brasileiro a cortar a meta da maneira mais acrobática possível...   

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