Conhecem a história: em 1993, a McLaren era cliente da Ford, que tinha uma prioridade: fornecer motores à Benetton. Mas a McLaren, sua cliente, tinha conseguido fazer "lobbying" para que dessem o mesmo desenvolvimento à equipa, porque tinham conseguido três vitórias nas cinco primeiras corridas do ano, contra nenhuma da Benetton. E claro, o chassis também ajudava.
Mas Ron Dennis não queria isso, queria ter o mesmo tipo de relacionamento que tinha tido com a Honda. E isso não era fácil. Contudo, a Chrysler, que tinha a Lamborghini, decidiu apostar todas as fichas na McLaren. Desde 1989 na Formula 1, com um motor desenvolvido por Mauro Forgheri, tinha estado em equipas como Lotus, Larrousse, Ligier, Lambo-Modena e em 1993, de volta à Larrousse. Tinham ficado com fama de potentes, mas sem grande fiabilidade.
Mas quem já tinha andado com o chassis fora Mika Hakkinen, em Silverstone, em julho. E detestou-o, por ser muito frágil. Mas Matt Jeffreys, o líder do projeto, disse à Motorsport britânica que depois de Senna ter entrado no carro, ficaram espantados: "nenhum de nós pensou que ele se desse tão bem!"
“Foi tudo uma surpresa”, diz Jeffreys. “Foi um projeto que surgiu em nós durante o verão de 93. Obviamente, Ron estava procurando opções para 94, porque estava claro que não estávamos em uma boa posição com o acordo não funcional da Ford. Ele queria um motor muito mais forte.
“A Chrysler estava interessada em saber quão bom era o seu motor, porque tinha estado na Larousse e em várias outras coisas que não tinham funcionado muito bem, mas a Lamborghini estava convencida de que era bom e tinha muita potência. Martin Whitmarsh e Ron estavam céticos em relação aos números que a Lamborghini estava citando [750 cv]. Martin foi à Itália para o ver no dinamômetro e ficou impressionado com os números que se materializaram."
Mas Ron Dennis também tinha alado com a Peugeot, que queria entrar na Formula 1. Depois de uma ideia abortada da sua própria equipa, apadrinhada por Jean Todt, foi para os motores, cujo diretor era Jean-Pierre Jabouille, e claro, quando souberam do projeto da Lamborghini, ficaram alarmados.
“Acho que o relacionamento [da McLaren] com a Peugeot já estava bem estabelecido no verão de 93”, diz Jeffreys. “Portanto, este [teste da Lamborghini] obviamente não era segredo, mas tenho certeza de que não foi bem recebido pela Peugeot, ou talvez tenha sido para mantê-los um pouco atentos, se não fosse necessariamente um acordo fechado.”
Em setembro, Mika andou de novo com o carro, e já ficou impressionado com a potência que já fazia. E depois foi a altura de Senna que, primeiro em Pembrey, no País de Gales, e depois, no Estoril, andou com o "McLambo", depois de ter ido a Itália falar com Forgheri para lhe dar algumas ideias sobre o que queria para aquele motor. O carro resistiu bem e foi competitivo. E Senna queria-o para as duas provas finais, mas Ron Dennis não ficou convencido. Ainda por cima, Mika andara de novo com o carro em Silverstone... e este explodiu no Hangar Straight, deixando um buraco no chassis!
“Ayrton achou que deveríamos fazer isso, rodar apenas um carro pelo resto da temporada”, diz Neil Oatley, o projetista e engenheiro da McLaren na altura. “Mas Ron não ia aceitar isso, obviamente, de qualquer maneira, tivemos algumas últimas corridas bastante bem-sucedidas em 1993. Na primeira metade da temporada, estávamos rodando [uma versão do] motor Ford com mola de válvula padrão e só tínhamos a unidade de válvula pneumática da Hungria em diante – isso representou um grande passo em frente para nós.”
As pessoas ficam a pensar o que teria acontecido se a Lamborghini tivesse sido a escolhida para 1994. A resposta é simples: vejam o que a Peugeot fez nessa temporada. Ficam com uma ideia. Talvez um pouco mais abaixo, um pouco mais acima.
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