segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

A imagem do dia



Se no Estoril, duas semanas antes, o mundo via Ayrton Senna nas cores da Williams, com centenas de fotógrafos a acotovelarem-se para tirar o melhor ângulo, mais discretamente, no Reino Unido, a Benetton apresentava-se ao mundo, com o seu B194. Mas pelas fotos e caras de gente como Flávio Briatore, Ross Brawn, Michael Schumacher, J.J. Letho e até Jos Verstappen, o piloto de testes, pareciam que estavam todos confiantes com as possibilidades que aquele chassis poderá dar. As caras não mentem.

E para Jyrki Juhani Jarviletho, com quase 28 anos - iria fazer no dia 31 de janeiro - aquele era o culminar de anos de trabalho. Começando a correr nos karts aos 8 anos, chegou aos monolugares aos 19, na Formula Ford nórdica, e subiu nas categorias, ganhando na Formula 2000 Europe, e em 1988, triunfou na Formula 3 britânica, na altura, a mais prestigiada do mundo.

Por esta altura, a sua gestão desportiva era feita por Keke Rosberg, que achou que "Jyrki Jarviletho" era... finlandês demais para os estrangeiros, e disse de J.J. é muito mais simples. Keke sabia, porque nenhum inglês diria "Keijo" e imaginem os portugueses...  

Correndo na Pacific em 1989, a temporada foi modesta, mas no final do ano, teve a chance de entrar na Formula 1, num ano onde existiam 40 carros no pelotão. Indo para a Onyx, a quatro corridas do fim, os começos oram modestos, mas quando a equipa faliu em verão de 1990, não ficou apeado: em 1991, estava na Dallara, e conseguiu um pódio no GP de San Marino, batido apenas pelos McLaren de Ayrton Senna e Gerhard Berger.

Em 1993, juntou-se a Karl Wendlinger na Sauber, que se estreava na Formula 1, e ele deu os pimeiros pontos da equipa, na África do Sul. Conseguiu mais três pontos ao ser quarto em Imola, mas a partir dali, as suas performances foram, no mínimo, modestas, não voltando a pontuar.

Para chegar ali, aparentemente bateu alguma concorrência respeitável. A Benetton queria um italiano, e chegou a pensar em Michele Alboreto, depois de uma temporada com Riccardo Patrese. Luca Badoer foi também considerado, mas ele ficou com o lugar, enquanto Jos Verstappen, prodígio na Formula 3 britânica no ano anterior, era o piloto de testes. O B194, desenhado por Rory Bryne, parecia ser uma evolução do carro anterior, mas era no motor Ford Zetec-R V8 que recaiam as esperanças de uma temporada melhor. 

Restava saber se o carro, também como os outros, sem as eletrónicas, seria essa máquina capaz. E claro, a Letho, parecia que lhe tinha saído a sorte grande. Parecia.    

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