O nome da Dani Juncadella pode não dizer muito a muita gente, mas as declarações do piloto espanhol sobre o circuito que foi apresentado no anuncio do GP de Madrid, que poderá acontecer em 2026, numa pista desenhada no parque de exposições de Madrid, o IFEMA, evidenciam as dúvidas que existe em muita gente em relação à realização deste Grande Prémio nesta pista. Parte em ruas, parte em traçado novo, a F1 afirma que será excitante porque 90 por cento das pessoas poderão se deslocar atrawés da rde de metro, autocarros ou simplesmente, a pé.
Algo do qual David Coulthard tem as suas dúvidas.
"A minha conclusão foi que 90 por cento dos adeptos podem ir para lá de transportes públicos”, disse o ex-piloto escocês ao Total-Motorsport.com. “É tudo muito bonito para os políticos e para os verdes, mas não creio que seja a primeira coisa em que os adeptos das corridas pensam quando vão a um grande prémio. Tive de me rir quando vi essa ser uma das justificações para a candidatura de Madrid.”
O desenho da pista faz lembrar muito Valência, um circuito que existiu entre 2007 e 2012, acabando por ser abandonado a sua sorte, e muitos receiam que isto seja outro "elefante branco" no qual o contrato seja cancelado antes de tempo - recorde-se, foi assinado até 2035 - e acabe por ter a mesma sorte que o circuito mediterrânico.
E para acumular as desconfianças, o impacto económico deste Grande Prémio. Santiago Nino Becerra, economista, afirma que se o governo pagar a taxa anual de 60 milhões de dólares, o dobro de Barcelona, duvida que o impacto de 450 milhões de euros que o governo de Madrid anunciou, possa acontecer. Ele afirma que na capital catalã, o impacto anual é de 250 milhões.
Para além disso tudo, o próprio desenho do circuito está a causar algumas dúvidas sobre a sua realização. O vice-presidente da Real Federación Española de Automovilismo (RFEDA), Joaquín Verdegay, analisou a versão virtual do traçado do futuro palco do Grande Prémio de Espanha e recomendou algumas alterações, considerando perigoso o local onde se prevê que sejam colocadas bancadas: a curva que será construída de raiz terá um banking de... 30 graus. Maior que Zandvoort, nos Países Baixos, que tem 17 graus.
“A única diferença [para os restantes circuitos citadinos] é que somos designers de circuitos, esta pista vai levar os pilotos e os carros ao limite”, disse Jarno Zaffelli, o diretor executivo da Dromo, empresa que desenvolveu o projeto e construirá o circuito junto ao IFEMA.
Verdegay, em declarações à publicação Soy Motor, disse que, como está, algumas coisas tem de ser alteradas, em nome da segurança.
“As bancadas à esquerda, à saída da curva, parecem-me perigosamente próximas, porque se acontecer alguma coisa, a força centrífuga faz com que o carro salte para a esquerda”, começou por afirmar.
Outro lugar a ter em conta são das passagens por baixo dos túneis que serão construídos, que também preocupa o vice-presidente da federação espanhola, pois no caso do primeiro túnel, “o facto de ser um túnel bastante longo e de se chegar em apoio. Penso que seria necessário tentar reduzir ao máximo a velocidade de entrada para que o túnel pudesse ser passado com um carro nivelado. Tenho a sensação de que não é esse o caso e isso, sinceramente, preocupa-me”. Verdegay ainda afirma que a não existência de escapatórias suficientemente largas em algumas curvas também é motivo de preocupação.
É bom saber que os problemas comecem a ser apontados agora para que depois não haja coisas que sejam de resolução quase impossível e esta transferência para a capital espanhola, a primeira em 45 anos, não termine num fracasso retumbante.
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