Antes da corrida, todos foram para a reta da meta, para dois lugares vagos. ali, duas bandeiras foram pitadas no asfalto: uma brasileira, outra austríaca. Se todos sentiam tristeza pelo desaparecimento de Ayrton Senna, houve um que decidiu ir contra a corrente. E tinha razão nisto. Afinal de contas, era o seu companheiro de equipa.
David Brabham sentia-se um pouco dividido. Afinal de contas, duas semanas antes, tomou a difícil decisão de correr no domingo, 1º de maio, 24 horas depois do acidente mortal de Roland Ratzenberger, não esperava que as coisas ficassem ainda pior. E como o outro piloto falecido era muito mais famoso que ele, temia o seu esquecimento. Foi dos poucos que apareceu no funeral, além de Gerhard Berger, que se esforçou para estar em ambos os funerais. Ser quase o único que esteve de frente à bandeira austríaca foi um esforço para que o mundo não esquecesse que, um dia antes, tinha morrido outro piloto.
Toda essa tensão existiu antes da corrida, mas depois, desapareceu após a partida. Tirando o incidente em Ste. Devote, onde uma carambola tirou da corrida Mika Hakkinen, Damon Hill, Pierluigi Martini e Gianni Morbidelli. Os Ferrari ficaram atrás de Schumacher, mas o alemão simplesmente foi embora, e só voltaram a ver depois da meta.
Uma coisa interessante é ver que na classificação final, estavam veteranos: Martin Brundle, o segundo classificado, não só conseguia ali o seu melhor resultado de sempre nas ruas do Principado, estava acompanhado por Gerhard Berger, o terceiro e outro veterano, mas o quarto era alguém que poucos esperavam ver ali, porque era Andrea de Cesaris, que corria no lugar de Eddie Irvine, penalizado pela carambola que tinha causado em Interlagos, na primeira corrida do ano. E no sexto posto classificava-se Michele Alboreto, na sua Minardi, conseguindo aquilo que seria o seu último ponto na Formula 1, depois de 13 temporadas de bons serviços.
Mas mesmo que o final de semana tenha sido um "final feliz", o estado de alma não era dos melhores. E Marti Brundle resumiu isso na seguinte frase: "Tem sido um momento muito difícil. Quando a minha filha de cinco anos te pergunta se é verdade que [Ayrton] Senna está morto, fica difícil conciliar as coisas."
Depois de um fim de semana difícil, a Formula 1 vislumbrava algum descanso. Mas não muito.
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