Contudo, isso esteve muito perto... de não acontecer.
Em 1965, Jack Brabham tinha mostrado a sua equipa e aos poucos, esta se estabelecia no pelotão da Formula 1, a par de Ferrari, Lotus, Honda ou BRM, e a ser melhor que a Cooper, a sua antiga equipa. Tinha como seu companheiro de equipa o americano Dan Gurney, que tinha dado a primeira vitória da equipa, em Rouen, no ano anterior. Um terceiro piloto, o neozelandês Dennis Hulme, corrida em algumas provas, e parecia mostrar ter capacidade para correr tão bem ou melhor que o seu patrão.
Então, Brabham pensou seriamente em pendurar o capacete. E era a altura ideal: quase 40 anos, dois títulos mundiais e uma equipa que, tendo sobrevivido aos problemas de crescimento que muitas equipa costumam ter, poderia ter chances de ganhar títulos de pilotos e Construtores. E claro, Brabham tinha outra pessoa na equipa: o projetista Ron Tauranac, seu compatriota.
Ao longo de 1965, partilhou o carro com Hulme, onde ele conseguiu nove pontos e um pódio, contra os cinco do neozelandês. Gurney, em contraste, conseguiu cinco pódios, sem vitórias, e o quarto lugar, com 25 pontos. Brabham, sabendo no novo regulamento, montou o motor de forma antecipada ao ponto de em janeiro de 1966, com a entrada dos novos regulamentos, já ter pelo menos um motor pronto no GP da África do Sul, que nesse ano era uma corrida extra-campeonato. E com todas as outras ainda a desenvolver os seus motores, durando até meados desse ano para ter os seus próprios motores. Brabham sabia que os Repco de oito cilindros eram suficientemente bons para ter a vantagem necessária para ser campeão do mundo com Gurney ao volante.
Contente da vida, as coisas pareciam ir de acordo com o plano até ao momento em que o americano foi ter com o seu patrão para lhe dar uma noticia. E não era boa: Gurney decidiu que ia montar a sua em 1966, a All American Racers.
"Black Jack" teve de engolir o seu orgulho e adiar a reforma por mais algum tempo, e com o carro novo, o BT19, enfrentou a concorrência. E sabendo o que tinha pela frente, as coisas correram bem: em sete corridas, ganhou quatro, e os 39 pontos foram suficientes para ele alcançar o seu terceiro título mundial aos 40 anos de idade e contra os que afirmaram ele estar acabado. E gozou na cara dos criticos quando meteu uma barba postiça e uma bengala no GP dos Países Baixos, andou lentamente para o seu carro... e ganhou a corrida, dando uma volta à concorrência!
Brabham acabaria por correr na Formula 1 até 1970, e na sua última temporada, ainda conseguiu ganhar uma corrida e quatro pódios. Ele tinha então 44 anos, e com essa competividade, se calhar ainda daria caça à nova geração de pilotos, caso tivesse ficado para o resto dessa década...
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