Quatro anos depois da sua morte, em Londres, a fina flor da Formula 1 e do automobilismo britânico foi homenagear Stirling Moss na Abadia de Westminster, em Londres. Expostos estavam alguns dos carros com quem ele correu ao longo da sua carreira, entre eles o Mercedes onde, ao lado de Dennis Jenkinson, ganhou as Mille Miglia de 1955, e o Lotus 18 onde ganhou duas edições do GP do Mónaco, em 1960 e 1961.
Numa das fotografias está Jackie Stewart, um dos que viu correr quando era jovem, já que quando chegou a sua altura de competir, Moss tinha já saído da competição, depois de um acidente no Glover Trophy, em Goodwood, em 1962, num Lotus 24.
Mas se não tivesse tido esse acidente, Moss poderia ter corrido... pela Ferrari. E não em corridas de Sportscar, mas sim na Formula 1. O Commendatore tinha prometido emprestar um dos seus modelos 156 "Sharknose", que tinha ganho campeonatos na temporada anterior, e teriam até combinado que uma faixa verde, assinalando a sua presença como piloto britânico.
Mas a razão de falar sobre a relação de Moss com a Ferrari é que as coisas sempre foram complicadas. E tudo começou em 1951, quando ele era muito jovem, no começo da sua carreira... e quando ele tinha cabelo! Nesse ano, o britânico, filho de um dentista, Alfred Moss, que quando estudava, nos anos 20 do século XX, decidiu participar... nas 500 Milhas de Indianápolis, tinha ganho algumas corridas pela Europa, e Ferrari ficou interessado nele. Assinaram um contrato e ele foi contratado para disputar o GP de Bari, com a promessa de poder correr na próxima temporada, a tempo inteiro, como piloto de fábrica. Contudo, quando chegou, o carro atribuído foi dado a Piero Taruffi... e Moss sentiu-se insultado. Porque o próprio Ferrari sequer lhe deu uma explicação.
A partir dali, Moss considerou a Ferrari como sua adversária. E ao longo da sua carreira, sempre que ganhava, afirmava que triunfar sobre a Ferrari era uma vitória pessoal. E se ganhasse num carro britânico, fosse um Vanwall, BRM, Cooper ou Lotus, melhor.
E em 1961, ele conseguiu aquela que é considerada a sua melhor vitória. Numa temporada onde os Ferrari estão a dominar, Moss, com o seu Lotus 18, inscrito pela Rob Walker Racing, uma equipa formada pelo herdeiro da Johnny Walker. Tinha ganho no Mónaco, batido os Ferrari, especialmente o de Richie Ginther, que acabou na segunda posição.
Em agosto, a caravana da Formula 1 está na Alemanha, e ele consegue o terceiro lugar na grelha, atrás do Ferrari de Phil Hill e do Cooper de Jack Brabham. Nesse dia, estava a chover e claro, estamos no Nurburgring Norschleife. Logo na partida, Moss larga bem e antes do final da primeira volta, já está na liderança. Continua assim até ao final, triunfando com uma vantagem de 21,4 segundos sobre Wolfgang von Trips e 22,5 sobe Phil Hill. E claro, tornou-se no primeiro piloto com um carro de motor traseiro a triunfar desde Bernd Rosemeyer, em 1936, no seu Auto Union projetado por Ferdinand Porsche.
Acabaria por ser a sua 16ª e última vitória. E a sua corrida foi tão boa e tão convincente que Ferrari lhe ofereceu um dos seus carros para correr na temporada seguinte. Afinal de contas, se alguém os bate, naquele seu ano de sonho, merece andar num dos seus carros. Quanto ao tempo... não teve.
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